Calorão: no último dia de 2017, soteropolitanos e turistas lotam praias de Salvador

Nas ruas, o termômetro marca 41ºC. No calçadão da Orla, pessoas se hidratam com água de coco ou garrafinhas de água mineral – algumas até aproveitam para molhar o rosto e o pescoço. Óculos escuros e bonés ganham a vez. Protetor solar sai da bolsa e começa a ser espalhado pelo corpo. Para suportar a temperatura nas alturas, no último dia de 2017, a saída para turistas e soteropolitanos é lotar as praias de Salvador para se refrescar.

No Porto da Barra, logo nas primeiras horas da manhã deste domingo (31), a maioria afirmou que iria aproveitar a areia e o mar durante todo o dia e depois voltaria para casa para a festa de Réveillon. Já no começo da tarde, alguns banhistas começam a levantar e ir embora, com medo de enfrentar congestionamentos e serem obrigados a virar o ano no trânsito. Outros, não sabem dizer o horário que se despedem das areias. Como de costume, casais, grupos de amigos e famílias de diferentes cidades e estados, disputam espaço nas sombras para resistir ao calor até o começo da noite.

Bem perto do mar, mas com sombreiros suficientes para não sofrer com o sol, a família Campos, de São Paulo, garantiu um lugar no meio da multidão de banhistas que se espremem na areia. “Eu sabia que o verão na Bahia era quente, que as praias eram cheias, mas não tanto”, diz Marinalva, de 52 anos, que pretende ficar até o final de janeiro na capital baiana. “Vamos à praia todos os dias desde que chegamos, mas hoje é diferente. Hoje a família veio ‘lavar a alma’. Entrar no mar no último dia do ano é começar o ano seguinte com o espírito renovado”, acredita o marido dela, o aposentado Evandro Campos, 68.

A alguns passos da espreguiçadeira do aposentado está a nutricionista Alessandra Dias, 33. Sem ir à praia há dois anos, ela conta que sempre que toma banho de mar no último dia do ano “a vida dá certo”. “Tudo funciona melhor, eu já notei. Não sei se era para ser ou se é realmente a superstição da limpeza de alma, mas eu arrisco. Eu acredito em tudo”, diz. Com medo de queimaduras de sol na pele do pequeno Arthur, 3, ela retoca o protetor solar a cada vinte minutos. “Acho muito importante para a saúde dele”, diz.

No Farol da Barra, as amigas Juliana Rodrigues, 26, e Paula Macedo, 27, diz cumprir a rotina delas de todos os finais de semana do verão. “Estamos sempre aqui para ler um livro, beber uma cerveja, conversar sobre a vida e, claro, paquerar”, diz Juliana. “Mas hoje tem outro significado, sabe? Hoje é ter contato com a natureza num momento de mudança de ciclo”, argumenta.

Enquanto espera abrir os portões do Festival Virada Salvador, o estudante de medicina Tássio Góes, 19, resolveu dedicar o dia para jogar vôlei na praia da Boca do Rio com os amigos do condomínio. “Queremos curtir Ivete, mas também queremos curtir as férias, a praia, o último dia do ano”, pontua.

Além dos banhistas, as praias foram tomadas por centenas de seguidores religiosos que, como fazem tradicionalmente a cada 31 de dezembro, homenageiam Iemanjá, a deusa das águas.   Os praticantes deste culto, assim como muitos católicos que por sincretismo religioso veem na prática um augúrio de boa sorte, jogaram flores no mar para pedir a bênção de Iemanjá e acenderam velas na areia, onde depositam pequenas oferendas.  Os fiéis a Iemanjá, que costumam se vestir totalmente de branco para homenageá-la no último dia do ano, consideram que as oferendas à deusa das águas podem trazer sucesso no ano que começa.

As comemorações para os fiéis, em Salvador, tendem a aumentar ao passar do dia, ganhando força durante os últimos minutos do ano. A dona de casa Célia Santos, 46, se ajoelhava na areia segurando uma rosa.  “Não vim pedir. Vim agradecer. Agradecer por um ano maravilhoso. Claro, com dificuldades, mas acho que faz parte para a evolução humana. O importante é que estamos vivos”, diz.

Fonte: Varela noticias