Temer desembarca e segue direto para reunião com auxiliares no Planalto

© Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
O ex-presidente Michel Temer já desembarcou no Brasil, após uma semana na China, onde fez vista de Estado e participou de encontro do Brics. Depois de aterrissar, ele seguiu direto para o Palácio do Planalto, onde convocou uma reunião com ministros próximos e auxiliares do governo.
O chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, foi o primeiro a chegar, de acordo com informações de fontes em Brasília. Na pauta da reunião está, principalmente, os últimos acontecimentos envolvendo as delações de três executivos da JBS, que serão revisadas, por determinação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Agora, a expectativa gira em torno da repercussão jurídica que o áudio de uma conversa entre os delatores Joesley Batista e Ricardo Saud deve provocar. O diálogo é o ponto mais polêmico do material entregue pelos executivos aos investigadores do Ministério Público Federal (MPF). Nele, Batista e Saud falam, entre outros assuntos, sobre suposta atuação do então procurador da República Marcello Miller, dando a entender que ele estaria auxiliando na confecção de propostas de colaboração para serem fechadas com a Procuradoria-Geral da República (PGR).
“Eu tenho que ter a maior serenidade, como sempre tive. Defendo todas as decisões que forem tomadas pela Justiça, pela Câmara dos Deputados, pela Procuradoria-Geral, eu tenho que respeitá-los, mas eu não vou falar uma palavra sobre isso”, afirmou Temer, ainda na China, quando o assunto veio à tona.
Nesta quarta-feira (6), no entanto, o Planalto já defende o descarte das delações e dos efeitos produzidos por elas nas investigações. Segundo auxiliares de Temer, o fato inviabiliza qualquer prova contra ele, não apenas referente à primeira denúncia, por corrupção passiva - que já foi rejeitada pela Câmara, no dia 2 de agosto -, mas também uma eventual segunda acusação, dessa vez por organização criminosa e obstrução de justiça.
Aliás, esta possibilidade também será discutida no encontro. Apesar da reviravolta na colaboração premiada da JBS, Rodrigo Janot deve mesmo apresentar uma nova denúncia, até o fim do seu mandato à frente do MPF, que termina no próximo dia 17. Ele será substituído por Raquel Dodge.
Em Brasília, de acordo com informações do portal G1, especula-se que a nova denúncia contra o presidente da República não se baseará apenas nos relatos e provas apresentados pelos delatores da empresa dos irmãos Batista, mas trará fatos revelados por um novo colaborador da Lava Jato: o doleiro Lúcio Funaro, que está preso desde o ano passado e é apontado como operador de políticos do PMDB.
Seus depoimentos, inclusive, já foram homologados pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator da força-tarefa na Corte, nessa terça-feira (5). O conteúdo está sob segredo de Justiça.
Na reunião de hoje, Temer e aliados devem traçar o caminho que será trilhados nos próximos dias. Embora haja um clima de alívio nos corredores do Planalto, ainda não há espaço para o discurso de "já ganhou". "Resolvido nunca está, sempre é difícil, mas realmente facilita muito o nosso trabalho. O clima mudou totalmente na Câmara", admitiu um interlocutor do presidente, pedindo anonimato.
Informações: Noticias ao minuto

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