Metade das mulheres perde emprego 12 meses após o parto
Licença-maternidade dura de 120 a 180 dias no Brasil; lei
garante estabilidade no emprego até cinco meses depois do início do benefício
Metade das mulheres perde o emprego até 12 meses depois do
início da licença-maternidade. Isso é o que mostra pesquisa divulgada hoje pela
FGV (Fundação Getúlio Vargas), que analisou as consequências da
licença-maternidade para o mercado de trabalho. Pela lei, as trabalhadoras com
registro em carteira têm estabilidade no emprego até cinco meses após o parto.
A partir daí, a estabilidade acaba e elas podem ser demitidas a qualquer
momento.
A pesquisa mostrou que a partir do quinto mês, 5% das
mulheres deixam de trabalhar. Esse percentual sobe para 15% no sexto mês. Um
ano depois, 48% estão fora do mercado de trabalho. O patamar fica estável no segundo
e terceiro ano seguintes.
A maior parte das mulheres que saiu do emprego foi demitida
sem justa causa. Entretanto, não é possível afirmar que todas as trabalhadoras
deixaram o emprego por decisão exclusiva do empregador.
“Em muitos casos, as mulheres não retornam às suas
atividades porque não têm com quem deixar os filhos pequenos”, Cecilia Machado,
professora da FGV EPGE e uma das autoras do estudo.
Os pesquisadores lembram que não dá para mensurar quantas
saíram do emprego após acordo com os empregadores – quando a empresa manda
embora para que o funcionário receba o FGTS e receba o seguro-desemprego. Nesses
acordos informais, os demitidos costumam devolver para a empresa a multa de 40%
sobre o FGTS paga na rescisão.
Fator ensino
O estudo mostrou que o índice de demissão é maior entre as
mulheres com menos escolaridade. O percentual de afastamento 12 meses após o
início da licença maternidade era de 51% para mulheres com escolaridade
inferior ao ensino fundamental completo; 53% para quem tinha o ensino
fundamental completo; 49% para aquelas com o ensino médio completo; e 35% para
as que tinham escolaridade acima do ensino médio.
Para Cecília Machado, o nível de renda é fundamental para
garantir o retorno da mulher ao mercado de trabalho após dar à luz.
Profissionais que ganham mais conseguem arcar com os custos do cuidado do filho
enquanto trabalham, seja pagando por uma escola ou uma babá.
“As mulheres com menor qualificação são desligadas mais
facilmente, pois a empresa não perde nenhum investimento específico”, afirma a
professora da FGV EPGE.
Participação no mercado
A pesquisa mostrou também que a presença de um filho reduz a
participação da mulher no mercado de trabalho. A taxa média de média de
participação das mulheres entre 25 e 44 anos é de 65%. Quando essas mulheres
têm filho, a taxa de participação cai para 41%. Somente 28% trabalham em ocupações
com jornada semanal de 35 horas ou mais.
Para o homem, ter um filho não reduz sua participação no
mercado de trabalho. Na mesma faixa etária, 92% dos homens com filhos de até um
ano estavam trabalhando, sendo que 82% em atividades com 35 horas ou mais de
carga horária semanal.
Utilizando dados do Ministério do Trabalho, os pesquisadores
acompanharam, até 2016, o desempenho no mercado de trabalho de 247.455
mulheres, com idade entre 25 e 35 anos no momento do afastamento, que tiraram
licença maternidade entre os anos 2009 e 2012.
A licença-maternidade no Brasil varia de 120 a 180 dias,
conforme a política da empresa. Para os homens, a licença paternidade varia de
cinco até 20 dias.
(Fonte: Veja.com)
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