Temer defende financiamento empresarial a um partido ou candidato
© REUTERS/Leonardo Benassatto As empresas fariam uma "opção de cidadania" ao optar por apoiar financeiramente uma determinada corrente política |
O presidente Michel Temer
defendeu o financiamento empresarial de campanhas eleitorais - hoje vedado pela
legislação -, desde que as pessoas jurídicas restrinjam o apoio financeiro a um
determinado partido ou candidato. Com isso, casos com o da JBS, que doou para
quase 2 mil integrantes de praticamente todas as siglas nas eleições mais
recentes, seriam inviabilizados.
As empresas fariam, dessa forma,
uma "opção de cidadania" ao optar por apoiar financeiramente uma
determinada corrente política. "Daí você higieniza (o processo de
financiamento eleitoral)", disse o presidente ao jornalista Kennedy
Alencar, do SBT, em entrevista gravada na quinta-feira, 24. A íntegra da
conversa, que já tinha sido exibida parcialmente naquele mesmo dia, foi ao ar
na madrugada desta segunda-feira, 28, no programa "SBT Entrevista".
Ainda no âmbito da reforma
política, Temer fez a defesa do sistema distrital misto para a composição da
Câmara de Deputados, das assembleias legislativas e das câmaras municipais.
"(Defendo o) voto majoritário com a seguinte circunstância: não pode sair
do partido", disse o presidente. Ele refutou a ideia de que essa
modalidade de escolha dos representantes enfraqueceria as legendas, já que
poderia provocar a personalização das eleições. "Você já tem uma regração
da fidelidade partidária."
O sistema distrital misto,
segundo Temer, conserva as características principais do modelo distrital, que
ele já defendeu, em outras ocasiões, como deputado federal e jurista. A criação
de distritos eleitorais evitaria, de acordo com ele, distorções como a eleição
"indireta" de deputados que entram no Parlamento
"carregados" por puxadores de votos - como ocorreu nos casos das
eleições de Enéas Carneiro, em 2002, e Tiririca, em 2010, para a Câmara.
"Para você ter uma conformidade constitucional, o voto majoritário, o
distritão, seria o ideal."
Leniência. Questionado sobre a
lentidão do fechamento de acordos de leniência com as empresas envolvidas na
Lava Jato ou em escândalos semelhantes, Temer disse que diferentes órgãos -
como Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União, Tribunal de
Contas da União (TCU) e Advocacia-Geral da União (AGU) - façam uma
"composição global" para que "todo mundo junto" examine os
casos. O presidente concordou que há demora na assinatura dos acordos, o que
pode prejudicar a retomada da economia e a geração de empregos.
Privatizações. Temer ainda
defendeu, na entrevista, o pacote de privatizações anunciado na semana passada.
"Contestações são naturais. Se o Parlamento recusar, recusado está. Mas
lembro da PEC do Teto, da reforma trabalhista, (que também foram criticadas),
foram aprovadas." O presidente afirmou que o calendário eleitoral não
prejudica o cronograma de aprovação do pacote. "As pessoas perceberão que
é para gerar empregos, não para prejudicar ninguém."
Doria. Questionado pelo
jornalista do SBT se teria convidado o prefeito de São Paulo, João Doria
(PSDB), para ingressar no PMDB com vistas à eleição presidencial do ano que
vem, Temer negou. "Não houve convite a Doria", afirmou. Com
informações do Estadão Conteudo.
Comentários