'Não somos números', diz comandante-geral da PM-Rio
© Tânia Rêgo/Agência Brasil |
O comandante-geral da Polícia Militar
do Rio, coronel Wolney Dias, escreveu nota sobre a morte de cem policiais
militares no Estado desde o começo do ano. Neste sábado, o 2º sargento Fábio
José Calvante e Sá foi assassinado em São João de Meriti, na Baixada
Fluminense. A nota foi intitulada "Não somos números. Somos cidadãos e
heróis", em referência a uma mensagem enviada anteriormente à tropa.
"Para a Polícia Militar é um
golpe a mais em nossas fileiras, parte de uma estatística inaceitável com a
qual temos convivido dramaticamente há mais de duas décadas, mas que nem sempre
ganha a mesma repercussão. Reescrevo hoje o mesmo desabafo, recheado de
tristeza e revolta. Tristeza pela perda irreparável de cada companheiro que se
vai, deixando para trás sonhos e o sofrimento da família e amigos. Revolta pela
omissão de grande parte da sociedade que se nega a discutir com profundidade um
tema de tamanha relevância", afirma.
O comandante-geral destaca o
crescimento da violência no Brasil, em especial no Rio, onde facções disputam
territórios.
O policial é vítima da violência
com uma desvantagem adicional: ao ser identificado como agente de segurança
pública num assalto ou qualquer situação de confronto, será executado
sumariamente. A violência cresce em todo o País, por múltiplos fatores - econômicos,
políticos, sociais e éticos. O Rio de Janeiro não só faz parte desse contexto
nacional como sofre com alguns agravantes particulares. Em lugar nenhum do País
há guerra tão acentuada e permanente entre quadrilhas de facções rivais de
traficantes e de milicianos por domínio de território. Em lugar nenhum do País
há tantas armas nas mãos dos criminosos", diz a nota.
"Cabe à Polícia Militar
enfrentar os efeitos dos indutores de violência. Somos a última barreira entre
a ordem e o caos. Estamos fazendo o possível e o impossível para ampliar ao
máximo o policiamento ostensivo. E pagando injustamente uma conta que não é
apenas nossa. É de todos", finaliza o coronel Wolney.
O caso
O sargento Cavalcante estava de
folga e foi visitar os pais no Largo do Guedes, onde moram e têm uma loja. De
acordo com as informações divulgadas pela Polícia Militar, o sargento
Cavalcante foi atingido com um tiro na cabeça. No entanto, testemunhas afirmam
que ele foi vítima de uma série de disparos. Os assaltantes também teriam
levado a arma, a carteira e os objetos pessoais do policial.
Ele foi levado para a Unidade de
Pronto Atendimento (UPA) Nilo Peçanha, em Duque de Caxias, também na Baixada
Fluminense, mas não resistiu aos ferimentos. Aos 39 anos, o sargento estava há
mais de 15 anos na corporação. Ele era lotado no 34º BPM, em Magé, cidade da
Baixada Fluminense onde morava com a esposa e o filho.
O PM foi candidato a vereador em
São João de Meriti, na Baixada Fluminense, nas eleições de 2016. Concorrendo
pelo PR, Fabinho, como era conhecido, obteve 1.090 votos (0,43%) na cidade. Com
informações do Estadão.
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