Maia critica 'jeitinho' do governo e defende redução dos gastos
© Reuters / Ueslei Marcelino
"Se cada vez damos jeitinho e aumentamos a meta mais do que precisa, você acaba gerando gastos desnecessários", disse Rodrigo Maia
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O presidente da Câmara dos
Deputados, Rodrigo Maia, criticou nessa segunda-feira (14) o 'jeitinho' do
governo federal para fechar as contas públicas. O deputado defende a redução
dos gastos públicos e critica o aumento da meta fiscal do governo.
"A gente sabe que está
difícil, mas se nós não organizarmos as contas públicas de uma vez, vai ficar
cada vez mais difícil fechar as contas no futuro. Se cada vez damos jeitinho e
aumentamos a meta mais do que precisa, você acaba gerando gastos
desnecessários. Fica parecendo que as coisas caminham bem. A gente sabe que a
coisa não caminha bem", afirmou.
Maia também declarou que as
despesas permanentes, como o gasto com a previdência social, aumentam a cada
ano e impossibilitam a organização das contas do governo.
“Se nós não organizarmos as
contas públicas, cada vez vai ficar mais difícil, no futuro, fechar as contas
do governo. Se cada vez tiver um jeitinho, se cada vez aumenta a meta mais do
que precisa, você acaba gerando um gasto desnecessário e fica parecendo que as
coisas caminham bem, e a gente sabe que não caminham bem”, declarou.
O deputado reafirmou a
necessidade da aprovação da reforma da Previdência para que o Estado brasileiro
não perca a capacidade de investir e de ter recursos para programas sociais.
Segundo Rodrigo Maia, mesmo que o governo adote um programa de privatização, não
é suficiente para cobrir o rombo da Previdência, porque ele cresce cerca de R$
50 bilhões a cada ano.
Para o presidente, é importante
acabar com privilégios e excessos existentes nos setores público e privado que
prejudicam o controle de gastos públicos.
“Daqui a pouco, não vai ter mais
dinheiro, os gastos para investimentos estão reduzidos e vão reduzir mais, e
existem excessos no Estado com relação a servidores e empresas do setor privado
que são beneficiados. É importante que a gente reorganize o Estado brasileiro
para que ele atenda a maioria da população ou estaremos cada vez mais em um
Estado que é injusto e ineficiente", defendeu Maia.
Redução da meta
Vice-líder do governo, o deputado
Beto Mansur (PRB-SP) afirmou que é importante que o governo informe a economia
que será feita com a redução da meta do deficit fiscal. “Não adianta você mudar
a meta, você tem que informar a sociedade brasileira sobre a economia que vai
se fazer, esse é o ponto fundamental”, ressaltou.
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS)
disse que o governo vai encontrar dificuldades no Congresso para aprovar a
alteração da meta fiscal. “Depois de o governo ter gastado bilhões de reais
para salvar a própria pele de uma investigação criminal, ele anuncia que não
tem condições de cumprir a meta", criticou.
Reforma política
Rodrigo Maia também defendeu a
aprovação de um sistema eleitoral transitório para valer para as eleições de
2018, desde que seja adotado o sistema distrital misto para vigorar em 2022.
“Se tiver uma transição com o atual
sistema já com cláusula de desempenho funcionando – ou o distritão aprovado e o
distrital misto para 2022 –, acho que a gente construiu a médio prazo um
sistema que vai dar racionalidade à política brasileira", disse o
presidente da Câmara.
Segundo Rodrigo Maia, é um
equívoco afirmar que o chamado distritão não permite a renovação no
Legislativo. Para ele, o sistema majoritário renova muito mais do que o sistema
proporcional. “Você pega a eleição da França e vai ver que o majoritário deu ao
governo 360 cadeiras e que o sistema proporcional teria dado 180”, disse.
Sobre a criação do fundo
eleitoral com recursos públicos, Maia afirmou que o ideal é que funcionasse de
forma provisória e a curto prazo e que, no futuro, a sociedade possa discutir qual
é a melhor maneira de se financiar uma eleição. “Fundo público permanente, no
momento de crise fiscal que a gente vive, não parece também a melhor
alternativa. Não que eu não concorde com o fundo no curto prazo, mas, se ele
fosse claramente de transição, seria mais fácil a sociedade entender”,
ponderou. As informações são da Agência Câmara.
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