Juristas colocam Moro no 'banco dos réus' em Curitiba
© Rafael Marchante/Reuters |
Renomados juristas montam em
Curitiba nesta sexta-feira (11) o “Tribunal Popular” com o objetivo de julgar a
Operação Lava Jato. Marcello Lavenère, integrante do Conselho de Jurados, disse
à Sputnik Brasil que a ideia surgiu após as reiteradas denúncias de excessos e
ilegalidades que estavam sendo cometidas no seio desta Operação.
Muitos juristas, advogados e
promotores de Justiça têm levantado dúvidas sobre a correção judicial das
decisões da Operação Lava Jato, de seus procuradores e do Juiz Sérgio Moro.
O ato é organizado pelo Coletivo
Advogadas e Advogados pela Democracia. O juiz de direito em Alagoas, Marcelo
Tadeu Lemos, é o presidente da sessão, enquanto o ex-ministro da Justiça e
procurador Eugênio Aragão é o responsável pela acusação contra a operação neste
evento. O advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay, fica
com "a defesa crítica e irônica da Lava Jato", nas palavras dos
organizadores deste Tribunal Popular.
Marcello Lavenère, ex-Presidente
do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, integrante do Conselho de
Jurados que irá emitir o “veredicto” do "Tribunal popular", conversou
com exclusividade com a Sputnik Brasil e explicou como surgiu esta iniciativa.
“Foi há cerca de dois meses que
surgiu a ideia de realizarmos o Tribunal Popular diante de reiteradas denúncias
de excessos e ilegalidades que estavam sendo cometidas no seio desta Operação
que ganhou no Brasil uma dimensão idêntica à da Operação Mãos Limpas na
Itália", explica.
"E como havia uma grande
reclamação por parte de advogados, de vítimas da Operação, de jornalistas, etc,
além de uma grande repercussão na imprensa internacional em relação aos
excessos levados a efeito nesta Operação Lava Jato, então um grupo de advogados
denominado Em Defesa da Democracia, inspirado no Tribunal Bertrand Russell que
teve um papel muito importante e simbólico no século passado, apresentou a
ideia de criarmos o Tribunal Popular para julgar a Operação Lava Jato”,
acrescentou Marcello Lavenère.
Segundo o advogado, "a
Operação [Lava Jato] terminou por envolver políticos muito conhecidos no Brasil
e se tornou muito polêmica por ter ganho uma dimensão muito grande e fazendo
lembrar a já mencionada Operações Limpas na Itália”.
Para o ex-presidente do Conselho
Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, há razões sobra para transformar a
Lava Jato em ré:
“A Operação Lava Jato se tornou
muito polêmica no Brasil. Mercê de uma propaganda denuncista, eivada de muito
moralismo, por parte da grande imprensa, que vive muito no Brasil a partir
desses escândalos, e também por indicar um suspeito, julgá-lo e condená-lo,
então, por meio dessa campanha midiática muito forte, a Operação Lava Jato
passou a ser para determinados segmentos, menos informados ou mal informados da
população, o grande evento que vai tirar o Brasil das suas dificuldades",
observou.
Lavenère elencou os fatos que
justificam a realização do Tribunal Popular sobre a Lava Jato, citando o papel
do juiz Sérgio Moro e do procurador Deltan Dellagnol, além da influência
midiática sobre a operação de combate à corrupção.
"As figuras que intervêm
nesta Operação como o juiz Sérgio Moro, os procuradores do Ministério Público
Federal de Curitiba, tendo à frente o procurador Deltan Dellagnol, tornaram-se
figuras conhecidas e, no caso de Sérgio Moro, passa a ganhar prêmios do tipo
Personalidade do Ano, outorgados pela Rede Globo que é uma emissora brasileira
reconhecida
como tendo todas as formas de
irregularidades na Comunicação Social, e sempre ela se mostra como porta-voz do
sentimento mais intolerante e mais conservador", destacou o advogado.
Além disso, segundo ele, "a
força tarefa do Ministério Público Federal foi extremamente criticada e,
recentemente, sofreu críticas enormes do Ministro Gilmar Mendes, presidente do
Tribunal Superior Eleitoral e membro do Supremo Tribunal Federal, que tem
estado em atrito direto com o Procurador-Geral da República, Rodrigo
Janot".
"Por todos esses motivos,
estamos levando a Lava Jato para o Banco dos Réus. Trata-se de uma Operação
que, desde que foi gestada, recebe acusações de tentar desestabilizar as
instituições e a democracia do Brasil, de modo que será um júri de grande
apelo, com repercussão nas áreas jurídicas mais sensíveis do país”, concluiu.
Com informações da Sputnik News.
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