Jovem que agrediu professora em SC não foi morto a tiros

Blog especializado em inventar notícias falsas para o WhatsApp publicou que adolescente foi executado com oito tiros

Assim como a maioria das notícias de grande repercussão, O agressão de um aluno de 15 anos a uma professora dentro de uma escola municipal no interior de Santa Catarina, na última segunda-feira, é tema para boatos espalhados no WhatsApp e em redes sociais.

Circula nos últimos dois dias a notícia falsa de que o adolescente que agrediu a professora Márcia de Lourdes Friggi teria sido executado com oito tiros, em um possível “crime de vingança”. A lorota foi publicada originalmente no blog Whats Diário, que reúne um acervo de notícias falsas, e replicada em outros sites, como A voz das cidades e Reclame Boca.
Veja abaixo o boato:
Um jovem de 15 anos foi executado na tarde hoje (23) com mais de 8 tiros. O crime aconteceu em Santa Catarina. De acordo com a polícia, o motivo do crime pode ter sido uma vingança já que o menor (aluno) espancou uma professora violentamente, o caso repercutiu no país inteiro. Os autores do crime ainda não foram identificados. A polícia segue investigando o caso e nas próximas horas teremos mais informações sobre o caso.
À parte uma vírgula mal colocada e outra ausente, este é um caso raro de boato propagado na internet em que não abundam erros de pontuação e grafia, como o Me engana que eu posto frequentemente alerta. A informação, nem por isso, deixa de ser a mais pura ficção.
A foto do corpo ensanguentado na notícia, ao lado da do rosto ferido de Márcia Friggi, não é do adolescente que a agrediu no Centro de Educação de Jovens e Adultos (CEJA), um supletivo local que funciona dentro de um galpão junto com outras três unidades de ensino na cidade de Indaial (SC). O jovem não foi morto, nem agredido por justiceiros.
A imagem mostra o corpo do alagoano João Elcimário Gomes, assassinado com cinco tiros aos 29 anos, em setembro de 2013. O crime aconteceu dentro da casa de Gomes, em Toritama (PE), cidade a cerca de 170 quilômetros de Recife.
A outra foto publicada pelo Whats Diário para dar ares de verdade à lorota, do suposto investigador responsável pela apuração do assassinato, é do delegado Francisco Costa, conhecido como Barrêtta, da Polícia Civil do Piauí. A imagem foi retirada de uma reportagem publicada no portal G1 no dia 31 de julho, que tratava do assassinato de dois jovens em Teresina (veja abaixo).
Outro indício de que a notícia publicada pelo Whats Diário é falsa é a ausência dessa informação em grandes veículos de imprensa, que têm coberto o caso da agressão à professora em Indaial desde o princípio.
VEJA tem publicado reportagens sobre o caso desde a segunda-feira à noite. As informações mais recentes dão conta de que foi aberto um inquérito para investigar a agressão, que o adolescente já depôs a polícia e que a Promotoria da Infância e da Juventude de Idaial  pediu à Justiça a internação provisória do jovem. Caso a juíza Horacy Benta de Souza Baby acate a solicitação, o menor poderá ficar 45 dias internado até a sentença final ser expedida, conforme previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Sempre que o leitor se deparar com informações bombásticas em fontes de informação pouco conhecidas, convém verificar em alguma fonte de notícias confiável de sua preferência se o fato foi noticiado.

Passar à frente uma informação sem checar se ela é verdadeira só contribui para a disseminação de mentiras criadas por quem faz da desinformação um modo fácil de ganhar dinheiro. Sim, mesmo um site pequeno e desconhecido como o Whats Diário exibe anúncios de grandes empresas, como Vivo e Amazon, distribuídos pelo Google em função de cliques na página  (veja abaixo).

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