Janot entra com ação no STF contra reforma trabalhista
© DR Para a PGR, dispositivos da reforma violam garantias constitucionais |
Em um novo round com o Palácio do
Planalto, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, entrou com uma ação
direta de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF) contra
dispositivos da reforma trabalhista que, na sua visão, violam garantias
constitucionais de amplo acesso à jurisdição ao impor maior restrição à
gratuidade judiciária na Justiça do Trabalho.
"Para promover a denominada
reforma trabalhista, com intensa desregulamentação da proteção social do
trabalho, a Lei 13.467/2017 inseriu 96 disposições na Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), a maior parte delas com redução de direitos materiais dos
trabalhadores", argumentou Janot, em despacho assinado na última
quinta-feira (24).
A Procuradoria-Geral da República
(PGR) quer que seja declarada inconstitucional a responsabilização da parte
vencida pelo pagamento de honorários periciais, ainda que a pessoa seja
beneficiária da Justiça gratuita. A norma anterior previa que os beneficiários
da Justiça gratuita ficassem isentos. Agora, no entanto, a União custeará a
perícia apenas quando o beneficiário não tiver auferido créditos capazes de
suportar a despesa, "ainda que em outro processo".
"Na contramão dos movimentos
democráticos que consolidaram essas garantias de amplo e igualitário acesso à
Justiça, as normas impugnadas inviabilizam ao trabalhador economicamente
desfavorecido assumir os riscos naturais de demanda trabalhista e impõe-lhe
pagamento de custas e despesas processuais de sucumbência (princípio que
atribui à parte vencida em um processo judicial o pagamento de gastos
decorrentes da atividade processual) com uso de créditos trabalhistas auferidos
no processo, de natureza alimentar, em prejuízo do sustento próprio e do de sua
família", disse Janot.
Ainda não foi sorteado eletronicamente
o nome do ministro do STF que vai cuidar do caso. Procurado pela reportagem, o
Planalto não se pronunciou até a publicação deste texto.
Em junho, o procurador-geral da
República ajuizou uma outra ação contra os interesses do Planalto, desta vez
tendo como foco a lei das terceirizações.
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