Gilmar Mendes solta condenado em segunda instância
© Antonio Cruz/ Agência Brasil
Ao conceder o habeas corpus, o ministro destacou que já manifestou publicamente a tendência de alterar seu entendimento sobre o assunto
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O ministro Gilmar Mendes, do STF
(Supremo Tribunal Federal), concedeu nesta quarta (23) habeas corpus (liberdade
provisória) a um homem que estava preso depois de ser condenado por um juiz e
por um tribunal.
A decisão contraria a posição do
próprio ministro em 2016 durante julgamento no Supremo. Em outubro daquele ano,
o STF decidiu a favor da execução provisória da pena -é possível prender depois
da condenação em segunda instância (Tribunal Regional Federal ou Tribunal de
Justiça).
Gilmar fez parte do grupo que
decidiu pela execução provisória da pena.
Ao conceder o habeas corpus, o
ministro destacou que já manifestou publicamente a tendência de alterar seu
entendimento sobre o assunto.
Agora, ele defende que a pessoa
vá para a cadeia depois de ser condenada pelo STJ (Superior Tribunal de
Justiça), que equivaleria a uma "terceira instância". O preso ainda
poderia recorrer ao STF, a mais alta instância do judiciário.
No documento, Gilmar citou sua
posição em um julgamento de habeas corpus em maio deste ano: "manifestei
minha tendência em acompanhar o ministro Dias Toffoli no sentido de que a
execução da pena com decisão de segundo grau deve aguardar o julgamento do
recurso especial pelo STJ".
Ele concedeu liberdade provisória
a Vicente Oliveira, condenado a 4 e 2 meses de prisão por crime contra a ordem
tributária.
O TRF-1 (Tribunal Regional
Federal da 1ª Região) determinou que a pena começasse a ser cumprida. A defesa
recorreu ao STJ, que negou, e então levou o caso ao Supremo. Um dos advogados
de Oliveira é o ex-deputado do PT João Paulo Cunha, condenado no mensalão.
A decisão de Gilmar é oposta à do
juiz Sergio Moro , que nesta quarta decidiu seguir a jurisprudência do Supremo
e ordenou a prisão de dois condenados segunda instância na Lava Jato.
Foi a primeira ordem de prisão
por execução provisória na operação a levar réus soltos para o regime fechado.
'GUERRILHA'
Na semana passada, Cármen Lúcia,
presidente do Supremo, buscou tranquilizar o juiz Sergio Moro e disse que a
corte não tem planos de discutir o entendimento prévio de que presos condenados
em segunda instância já podem começar a cumprir pena.
No entanto, um ministro avalia
que a corte vai enfrentar "uma guerrilha", com decisões seguindo
jurisprudências diferentes.
Além desta decisão de Gilmar, o
ministro Marco Aurélio já concedeu habeas corpus para condenados após segunda
instância.
Marco Aurélio se posiciona com
frequência contra a execução provisória da pena.
O julgamento sobre a
possibilidade de execução provisória da pena foi apertado no Supremo: 6 votos a
5.
Desde então, o Ministério Público
passou a reivindicar o cumprimento da pena de quem está solto neste contexto.
Votaram a favor a presidente do
STF, Cármen Lúcia, e os ministros Luiz Fux, Teori Zavascki, Luís Roberto
Barroso e Edson Fachin, além de Gilmar Mendes.
Já Marco Aurélio, Rosa Weber,
Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello ficaram vencidos.
Em eventual novo julgamento sobre
o tema, a posição de Gilmar vai ser decisiva.
O ministro Alexandre de Moraes,
que assumiu a cadeira de Teori, não fazia parte do tribunal na época do
julgamento. Ele já disse que não há inconstitucionalidade nas prisões após
condenação em segunda instância. Com informações da Folhapress.
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