Deputados reiniciam hoje votação de mudanças no sistema eleitoral
© Lúcio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados |
A Comissão Especial da Proposta
de Emenda à Constituição (PEC) 77/03, que trata de mudanças no sistema
político-eleitoral, retoma nesta terça-feira (15) a votação das sugestões de
alteração ao texto do substitutivo apresentado pelo relator da reforma política
na Câmara, deputado Vicente Cândido (PT-SP).
Estão pendentes de votação dois
destaques. Um visa retirar a permissão para que um candidato dispute mais de um
cargo, majoritário e proporcional, em um mesmo pleito. O outro destaque
pretende suprimir o artigo que estabelece que o suplente de senador seja o
deputado federal mais votado do partido.
Os membros da comissão aprovaram
na última semana o texto base do relator, mas incluíram na proposta o voto
majoritário, conhecido como distritão, pelo qual ganha o candidato que receber
mais votos. O novo modelo valeria para as eleições de 2018 e 2020, como uma
transição para a adoção do voto distrital misto em 2022.
O chamado distritão permite que
deputados federais, estaduais, distritais e vereadores, antes eleitos de forma
proporcional considerando os partidos e coligações, passem a ser escolhidos
pelo número absoluto de votos, da mesma forma como são eleitos prefeitos,
governadores e o Presidente da República.
No relatório inicial, Cândido
propôs a manutenção do sistema atual para 2018 e 2020 e, a partir de 2022, a
adoção do voto distrital misto, que combina votos majoritários e em lista
preordenada dos partidos. A sugestão, no entanto, foi rejeitada pela maioria
dos deputados da comissão.
Do texto original proposto pelo
relator, os deputados aprovaram a criação de um fundo público com a previsão de
R$ 3,6 bilhões para financiar as campanhas eleitorais a partir do ano que vem.
Os parlamentares mantiveram também a sugestão de estabelecer um mandato
temporário de 10 anos para ministros do Poder Judiciário.
Além de rejeitar o sistema
eleitoral proposto por Cândido, os deputados também divergiram da proposta de
extinguir os cargos de vice para os cargos de prefeito, governador e Presidente
da República, além da forma de eleição de vereadores a partir do sistema
distrital misto.
Concluída a votação na comissão
especial, a proposta deve seguir para plenário. Como se trata de emenda à
Constituição, para ser aprovada precisa de pelo menos 308 votos do total de 513
deputados.
Financiamento privado e coletivo
Ainda nesta terça-feira, após o
encerramento da votação da PEC 77/03, os deputados podem retomar a análise de
um projeto de lei ordinária que altera a legislação eleitoral e partidária que
está sob análise em outra comissão especial que trata da reforma política.
Cândido também é relator desta comissão. O deputado apresentou no semestre
passado três relatórios parciais, dos quais dois já foram aprovados pela
comissão. O primeiro propõe a regulamentação dos mecanismos de democracia
direta, como referendos, plebiscitos e a apresentação de projetos de iniciativa
popular.
O segundo relatório já apreciado
pela comissão uniformiza em 4 meses os prazos de desincompatibilização ou
afastamento de candidatos de diferentes cargos ou funções públicas.
O terceiro é o que está pendente
de votação e trata das novas regras para financiamento privado das campanhas
eleitorais. De acordo com o voto do relator, as doações de pessoas físicas em
dinheiro ficam fixadas, em 2018, a 10% dos rendimentos brutos do doador.
Limite
O valor não pode ultrapassar o
total de R$ 10 mil para cada cargo em disputa. Há ainda a previsão de coleta de
recursos por meio do chamado crowdfundig, financiamento coletivo na internet.
Na última versão protocolada pelo
relator, também figura a proposta de criação da habilitação prévia das
candidaturas. A ideia é antecipar o processo de registro dos candidatos para
dar mais tempo para a Justiça Eleitoral julgar todas as candidaturas antes das
datas do pleito.
Nesse período de pré-registro, o
candidato pode ser atingido pela Lei da Ficha Limpa. O projeto também prevê a
possibilidade de propaganda eleitoral paga na internet.
As mudanças eleitorais analisadas
nesta comissão serão apresentadas por meio de projeto de lei, por não
envolverem alterações na Constituição. O projeto também deve ser apreciado em
plenário
Fim das coligações
A Câmara ainda tem uma terceira
comissão especial que analisa mudanças no sistema político-eleitoral e deve
voltar a se reunir na próxima quinta-feira (17). É a comissão da Proposta de
Emenda à Constituição – PEC - 282/2016, que propõe o fim das coligações
partidárias para eleições proporcionais, estabelece normas sobre fidelidade
partidária e acesso dos partidos políticos aos recursos do fundo partidário.
A relatora proposta é a deputada
Sheridan (PSDB-RR), que apresentou o parecer na última semana. O projeto
substitutivo apresentado pela parlamentar prevê a formação da federação de
partidos que tenham o mesmo programa ideológico no lugar das coligações
partidárias que vigoram atualmente nas eleições proporcionais.
O substitutivo estabelece ainda
que não há obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito
nacional, estadual, distrital ou municipal. Outro ponto que Sheridan incorporou
à proposta foi a perda do mandato em caso de desfiliação partidária, inclusive
para suplentes e detentores dos cargos de vice-presidente, vice-governador ou
vice-prefeito. A deputada propõe que este ponto, se aprovado, já deve valer a
partir do resultado das eleições do ano que vem.
Cláusula de desempenho
De acordo com o substitutivo
elabora pela deputada, a partir de 2030, somente os partidos que obtiverem no
mínimo 3% dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço dos estados ,
terão direito aos recursos do Fundo Partidário. Para terem acesso ao benefício,
os partidos também deverão eleger pelo menos 18 deputados distribuídos em pelo
menos um terço dos estados.
O mesmo critério será adotado
para definir o acesso dos partidos à propaganda eleitoral gratuita no rádio e
na televisão. A mudança, no entanto, será gradual, começando pelo piso de 1,5%
dos votos válidos nas eleições de 2018, chegando a 2%, em 2022, e a 2,5% em
2026, até alcançar o índice permanente de 3% em 2030.
Os membros da comissão devem
voltar a se reunir na próxima quinta-feira (17), depois de respeitado o prazo
de duas sessões no plenário em cumprimento ao pedido de vista coletivo feito na
semana passada pelos deputados.
A expectativa do presidente da
Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é que pelo menos o conjunto de propostas da
reforma política já esteja apto para apreciação em plenário a partir da semana
que vem.
O objetivo é votar as mudanças
eleitorais na Câmara até o fim de agosto e encaminhá-las o quanto antes ao
Senado. Para que as novas regras tenham validade nas eleições do ano que vem,
os projetos devem ser aprovados pelo Congresso até o dia 7 de outubro. Com
informações da Agência Brasil.
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