Defesa pede a Fachin para não incluir Temer em inquérito do quadrilhão
© Wilson Dias/Agência Brasil
Para Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, a PGR está "inovando" e usando um "artifício" para investigar o presidente sem que haja fatos novos que justifiquem a medida
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A defesa do presidente Michel
Temer pediu nesta sexta-feira (4) ao ministro Edson Fachin, do STF (Supremo
Tribunal Federal), que negue a inclusão do peemedebista no inquérito que
investiga o chamado PMDB da Câmara.
Para o advogado de Temer, Antônio
Cláudio Mariz de Oliveira, a PGR (Procuradoria-Geral da República) está
"inovando" e usando um "artifício" para investigar o
presidente em outro procedimento sem que haja fatos novos que justifiquem a
medida.
Mariz também pede que, caso venha
a ser tomado novo depoimento do presidente, as perguntas sejam formuladas por
Fachin, e não pela Polícia Federal, como foi em junho, "evitando-se a
apresentação de um novo interrogatório totalmente descabido, impossível de ser respondido,
como aquele formulado pela autoridade policial".Na quarta (2), o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a Fachin para deslocar a
apuração sobre Temer por suspeita de envolvimento em organização criminosa do
inquérito da JBS, aberto em maio, para outro mais antigo, que investiga
políticos do PMDB e aliados -o chamado "quadrilhão".
Janot também pediu a inclusão dos
ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral) no
inquérito do "quadrilhão", atendendo a recomendação da Polícia
Federal.
A estratégia da PGR é deixar no
inquérito da JBS somente a investigação de obstrução da Justiça -em que Temer é
suspeito de ter dado aval para o frigorífico comprar o silêncio do ex-deputado
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do doleiro Lucio Funaro, que estão presos.
Em junho, relatório da PF
concluiu a investigação de obstrução da Justiça e afirmou que há indícios de
que Temer cometeu o crime, cuja pena vai de 3 a 8 anos de prisão.
Desse modo, a PGR já tem
elementos para, no inquérito da JBS, apresentar uma nova denúncia contra o
presidente sob acusação de embaraçar as investigações.Janot, no pedido para
deslocar para o inquérito do "quadrilhão" a investigação de organização
criminosa, disse que "não se trata de nova investigação contra o
presidente da República, mas apenas de readequação daquela já autorizada [por
Fachin em maio]".
O advogado de Temer rebateu,
afirmando que se trata, sim, de uma nova investigação. "Ora, se o
presidente e outras autoridades [Padilha e Moreira Franco] não são investigadas
[no 'quadrilhão'], será necessária uma específica autorização do Supremo para
tanto e não mera inclusão de seus nomes ou apenas 'readequação'",
argumentou Mariz na petição ao Supremo.
"Uma investigação não pode
surgir do nada", afirmou o defensor, "especialmente tendo como alvo o
presidente da República, em face dos óbvios transtornos advindos para
estabilidade institucional, social e econômica do país".
'QUADRILHÃO'
O PMDB da Câmara é suspeito de
ter atuado como uma organização criminosa que lesou a Petrobras e a Caixa. Para
investigadores, Temer, que era deputado federal até assumir a Vice-Presidência
em 2011, participava dos esquemas desse grupo.O inquérito que apura o grupo foi
aberto em outubro passado após uma cisão do "inquérito-mãe" da Lava
Jato, que tratava do loteamento de cargos na direção da Petrobras por PP, PT e
PMDB.
A parte do PMDB virou dois
inquéritos: um do Senado e outro, da Câmara. Nesse, há 15 investigados, entre
eles os ex-deputados Henrique Alves (RN) e Solange Almeida (RJ) e o deputado
Aníbal Gomes (CE), todos do PMDB, além de Cunha e do doleiro Funaro.
Com informações de diferentes
operações, como Sépsis, Cui Bono e Greenfield, a investigação expandiu seu foco
da Petrobras para a Caixa.
Segundo um resumo do inquérito
assinado em junho pelo delegado Marlon Cajado, a PF reuniu indícios de que o
grupo indicava vice-presidentes da Caixa para "vender facilidades" a
grandes empresas que buscavam empréstimos. Em troca, ganhava um percentual.
"A partir das inquirições de
Lucio Funaro e Joesley Batista [da JBS], surgiram novos relatos confirmando as
atuações do chamado 'PMDB da Câmara' junto à Caixa e citando o suposto
envolvimento de outras pessoas [...], sendo elas o presidente Michel Temer, o
ministro chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha e o ministro da Secretaria-Geral
da Presidência, Moreira Franco", segundo a investigação da PF. Com
informações da Folhapress.
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