Brasileiros consomem cinco litros de agrotóxicos por ano
© iStock Enquanto Europa vive crise de contaminação de ovo, problema no Brasil está relacionado à agricultura |
O Brasil não tem nenhum registro
de ovo contaminado por finopril, como 16 países da Europa, além de Hong Kong. O
brasileiro convive, no entanto, com a contaminação alimentar de uma maneira
alarmante. Conforme estudos do Instituto Nacional do Câncer (Inca), cada
brasileiro consome cinco litros de veneno por ano. A ingestão se dá por meio de
alimentos carregados de agrotóxicos usados na agricultura.
A água também sofre o efeito do
uso indiscriminado de pesticidas, herbicidas e inseticidas. Só em 2010, nas
contas do Inca, o mercado brasileiro comprou US$ 7,3 bilhões em agrotóxicos. E,
por meio das plantações com excesso destas substâncias, além do alimento, o
ciclo de intoxicação acaba atingindo mamíferos, peixes, aves e insetos.
A Associação Brasileira de Saúde
Coletiva (Abrasco) estima que os alimentos que mais recebem agrotóxicos no
Brasil são: soja (40%), milho (15%), cana-de-açúcar e algodão (10% cada),
cítricos (7%), café, trigo e arroz (3 cada%), feijão (2%), batata (1%), tomate
(1%) maçã (0,5%) e banana (0,2%). De acordo com a pesquisadora e professora de
Geografia Agrária da Universidade de São Paulo (USP), Larissa Bombardi, o agrotóxico
mais vendido no Brasil é o glifosato.
“Se a gente pensar na quantidade
de toneladas de glifosato que é vendido no Brasil, é grave. Para a Organização
Mundial da Saúde (OMS) o glifosato pode vir a causar câncer. A gravidade da
nossa permissividade é essa. Vejo como um atentado à saúde da população como um
todo”, alertou a pesquisadora ao Correio da Bahia. Em um estudo de 2012, a
pesquisadora já alertava que, no Brasil, entre 1999 e 2009, uma pessoa sofria
intoxicação por agrotóxico a cada 90 minutos. Nas conta de Bombardi, foram mais
de 60 mil pessoas intoxicadas em 10 anos. Os índices ainda poderiam ser
mais graves, já que, segundo o estudo, para cada notificação de intoxicação, 50
deixam de ser registradas. Dentre os principais perigos à saúde listados pela
Abrasco, em dossiê, entre 2005 e 2015, estão alterações no cromossomo, lesões
hepáticas, contrações musculares involuntárias, asma e arritmias cardíacas;
fungicidas, doença de Parkinson e cânceres. Isso se forem listados apenas os
males relacionados a agrotóxicos classificados como inseticidas. Já os
herbicidas podem induzir a produção de enzimas hepáticas, de vários tipos de
câncer, fibrose pulmonar, entre outras enfermidades
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