PF encerra grupo de trabalho exclusivo da Lava Jato e da Carne Fraca no PR
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A Polícia Federal (PF)
informou hoje (6) que os delegados federais designados para o grupo de trabalho
responsável por investigar exclusivamente os fatos relacionados à Operação Lava
Jato no Paraná serão reintegrados à Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio
de Verbas Públicas, passando a dividir seu tempo com outras investigações.
Segundo a PF, a decisão se aplica também ao grupo de trabalho
no estado que se dedica à Operação Carne Fraca, que apura indícios da
participação de agentes públicos em um suposto esquema fraudulento que permitia
que alimentos com indícios de adulteração fossem comercializados sem serem
devidamente fiscalizados.
A Polícia Federal informou que o fim dos grupos e
reintegração à Delegacia de Combate à Corrupção é “priorizar ainda mais as
investigações de maior potencial de dano ao erário, permitindo o aumento do
efetivo especializado no combate à corrupção e lavagem de dinheiro e
facilitando o intercâmbio de informações”.
“Com a nova
sistemática de trabalho, nenhum dos delegados atuantes na Lava Jato terá
aumento de carga de trabalho, que será reduzida em função da incorporação de
novas autoridades policiais”, diz a PF em nota em que explica que a decisão de
integrar os grupos à delegacia coube ao delegado regional de Combate ao Crime
Organizado do Paraná, Igor Romário de Paula, coordenador da Operação Lava Jato no
estado, e foi corroborada pelo Superintendente Regional, delegado Rosalvo
Franco.
Críticas
A extinção dos grupos de trabalho, sobretudo do dedicado à
Lava Jato, gerou críticas à corporação e ao governo federal. Em sua conta
pessoal em uma rede social, o procurador da República Carlos Fernando dos
Santos Lima, que integra a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba (PR), disse
que a operação “deixou de existir”. Segundo Lima, assim como faltam recursos
financeiros para a PF continuar emitindo passaportes, faltam verbas para
“trazer delegados” - referindo-se à contratação de pessoal para suprir vagas
abertas nos últimos anos.
“Políticos querendo dificultar as investigações. Se não
formos vigilantes, acontecerá no Brasil o mesmo que aconteceu na Itália, onde,
hoje, é mais difícil investigar e punir um corrupto do que era antes da
Operação Mãos Limpas”, escreveu o procurador, referindo-se à operação italiana
deflagrada em 1992 para investigar casos de corrupção e que, além de levar
centenas de pessoas à cadeia, incluindo muitos políticos, serviu de exemplo
para os membros da Lava Jato.
Segundo a Associação Nacional dos Delegados da Polícia
Federal (ADPF), há três anos nenhum novo delegado federal é contratado. No
último concurso público, de 2012, 120 dos 150 aprovados para as vagas em aberto
foram convocados. A entidade preferiu não se manifestar a respeito da decisão
da corporação de extinguir os grupos de trabalho.
Em sua nota, a PF garante que o efetivo no Paraná é adequado
à demanda e será reforçado caso seja necessário e que o modelo que será seguido
já é adotado por outras superintendências que também investigam fatos
relacionados a operações desmembradas a partir da Lava Jato, como Rio de
Janeiro, São Paulo e Distrito Federal.
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