Governo não descarta novo aumento de impostos
Após elevar alíquotas de
PIS/Cofins sobre combustíveis para cobrir o rombo no Orçamento, o governo
avalia que uma nova alta de tributos está afastada "neste momento",
mas o próprio presidente Michel Temer diz que a equipe econômica ficará atenta
a eventual necessidade.
Os ministros da Fazenda, Henrique
Meirelles, e do Planejamento, Dyogo Oliveira, não descartaram novas altas de
tributos daqui para a frente para que o governo cumpra a meta fiscal de déficit
de R$ 139 bilhões, mas afirmaram que "neste momento" o aumento do
PIS/Cofins sobre gasolina, diesel e etanol é suficiente.
Antes de bater o martelo sobre o
aumento feito ontem por decreto, outras opções que estavam em discussão pelo
governo envolviam IOF sobre câmbio ou operação de crédito e a Cide sobre
combustíveis.
Na Argentina, o presidente Michel
Temer buscou tranquilizar em relação à adoção de mais medidas impopulares. Ele
afirmou não haver previsão agora de mais aumento de tributos, mas ressaltou que
a situação segue sendo monitorada. "Estamos atentos, a equipe econômica
está atenta a isso apenas para esse aumento. Não sei se haverá necessidade ou
não, mas naturalmente haverá diálogo e observações sobre isso".
A consultoria Parallaxis estima
que o Planalto vai ter que arrumar mais R$ 10 bilhões este ano para fechar as
contas. Para isso, o governo pode ter que fazer uma terceira rodada de
contingenciamento, além de elevar mais impostos. Entre as opções cogitadas
pelos economistas está a Cide e o IOF.
Em meio ao desafio para fechar as
contas e sob o risco de novas frustrações de receitas, o ministro do
Planejamento, Dyogo Oliveira, esquivou-se das perguntas sobre uma possível
mudança da meta de não ultrapassar os R$ 139 bilhões de déficit neste ano.
"Não me cabe conjecturar hipóteses para o futuro", disse Oliveira.
O Palácio do Planalto sabe que
uma mudança na meta a essa altura provocaria forte reação do mercado financeiro
e suscitaria questionamentos sobre a condução da política econômica. Mas
economistas continuam prevendo déficits entre R$ 145 bilhões e R$ 155 bilhões
para este ano, mesmo com as novas medidas e o corte adicional de R$ 5,9 bilhões
anunciado anteontem.
Todo esse esforço do governo
brasileiro mostra determinação em cumprir a meta fiscal este ano, mas o mercado
gostaria de ver maior esforço para cortar gastos, avalia o economista-chefe do
Goldman Sachs para a América Latina, Alberto Ramos. "O Brasil gasta uma
enormidade e gasta muito mal", disse ele. "A eficiência do gasto é
muito baixa e o custo para a sociedade de financiar essa despesa é muito alto."
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