Governo Central registra maior déficit primário da história no primeiro semestre
A antecipação de precatórios e o
fraco desempenho das receitas fez o Governo Central (Tesouro Nacional,
Previdência Social e Banco Central) registrar o maior déficit primário da
história no primeiro semestre. Segundo números divulgados há pouco pelo Tesouro
Nacional, o resultado ficou negativo em R$ 56,092 bilhões de janeiro a junho,
contra déficit de R$ 36,477 bilhões no mesmo período do ano passado.
O déficit primário é o resultado
negativo nas contas do governo desconsiderando o pagamento dos juros da dívida
pública. Somente em junho, o déficit primário somou R$ 19,798 bilhões, também o
pior resultado registrado para o mês desde o início da série histórica, em
1997.
De acordo com o Tesouro Nacional,
o principal fator que provocou a deterioração das contas públicas no primeiro
semestre foi o pagamento de R$ 20,3 bilhões em precatórios em maio e junho,
contra R$ 2,2 bilhões registrados no mesmo mês do ano passado. Neste ano, o
Tesouro decidiu antecipar o pagamento, tradicionalmente feito em novembro e dezembro,
para maio e junho para economizar R$ 700 milhões com juros que deixam de ser
atualizados.
Os precatórios são títulos que o
governo emite para pagar sentenças judiciais transitadas em julgado (quando não
cabe mais recurso). De acordo com o Tesouro Nacional, não fosse a antecipação,
o déficit primário acumulado no primeiro semestre totalizaria R$ 38 bilhões. O
resultado negativo, no entanto, continuaria recorde para o período.
Outros fatores que impulsionaram
o déficit primário no primeiro semestre foram a queda das receitas e o
crescimento de despesas obrigatórias, principalmente com a Previdência Social e
o gasto com os reajustes do funcionalismo público.
Nos seis primeiros meses do ano,
as receitas líquidas caíram 2,7%, descontada a inflação oficial pelo Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mas as despesas totais subiram
0,5%, também considerando o IPCA. Até abril, as despesas vinham caindo mais do
que as receitas líquidas.
Em relação às despesas, a alta
foi puxada pela Previdência Social e pelo funcionalismo público. Os gastos com
os benefícios da Previdência Social subiram 6,9% acima da inflação nos seis
primeiros meses do ano, por causa do aumento do valor dos benefícios e do
número de beneficiários. Por causa de acordos salariais fechados nos dois
últimos anos e da antecipação dos precatórios, os gastos com o funcionalismo
acumulam alta de 11,3% acima do IPCA de janeiro a maio.
As demais despesas obrigatórias
acumulam queda de 5,9%, também descontada a inflação oficial. O recuo é puxado
pela reoneração da folha de pagamentos, que diminuiu em 33% a compensação paga
pelo Tesouro Nacional à Previdência Social, e pela queda de 29,8% no pagamento
de subsídios e subvenções. Também contribuiu para a redução o não pagamento de
créditos extraordinários do Orçamento ocorridos no ano passado, que não se
repetiram este ano.
As despesas de custeio
(manutenção da máquina pública) acumulam queda de 8% em 2017 descontado o IPCA.
A redução de gastos, no entanto, concentra-se nos investimentos, que totalizam
R$ 16,927 bilhões e caíram 39,4% de janeiro a junho, em valores também
corrigidos pela inflação.
Principal programa federal de
investimentos, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) gastou R$ 10,337
bilhões de janeiro a junho, redução de 48,2%. O Programa Minha Casa,
Minha Vida executou R$ 1,408
bilhão, retração de 55,1% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Essas variações descontam a inflação oficial.
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