28 julho, 2017

Discurso de aiatolá que chegou ao Brasil é uma ameaça à paz e ao diálogo, diz líder de entidade judaica

Aiatolá foi fotografado durante o desembarque no BrasilRoberto Grobman
A chegada o aiatolá Mohsen Araki a São Paulo, nesta quinta-feira (27), foi cercada de mistério mas, mesmo com o cancelamento da palestra que ele iria dar em um hotel paulistano, parte de sua agenda foi mantida. Araki defende a destruição do Estado de Israel, tendo já declarado que  Israel é um câncer que deve ser extirpado. No Brasil, ele iria falar sobre o tema “Os muçulmanos e o enfrentamento ao terrorismo radical”.
A palestra, inicialmente marcada para o próximo sábado (29), possivelmente foi transferida para um local desconhecido, até o momento, do público em geral. Contatada pela reportagem do R7, a assessoria da PF (Polícia Federal) em São Paulo afirmou que a entidade está ciente da chegada do aiatolá, mas ressaltou que não pode passar a informação se ele está sendo monitorado, por "questões de segurança".
Segundo a informação recebida, não há como barrar uma pessoa por discordância de ideias. Ela só poderia ser barrada por motivos que estão descritos em lei, como tráfico, documentação falsa, mentira sobre objetivo da vinda, ausência de passaporte. Uma ação judicial deferida poderia também impedir alguém de entrar no País. A secretária de Direitos Humanos do Rio, Teresa Bergher, encaminhou há alguns dias um pedido formal ao Ministério da Justiça e ao Itamaraty, solicitando o veto à entrada do xiita.
Próximo do aiatolá Ali Khamenei (lider supremo do Irã) e do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, Araki está sendo duramente criticado pelas instituições judaicas por suas pregações e um discurso de ódio que, segundo o diretor executivo do IBI (Instituto Brasi Israel), André Lajst, contradiz qualquer dita mensagem de paz ou o de combate ao radicalismo. Ele afirma que, no Irã, onde o iraquiano Araki se radicou e se tornou um dos 88 membros do Conselho de Notáveis, o próprio regime é opressor, com eleições direcionadas e repressão forte a minorias.
— Araki representa um regime ditatorial. O perigo do discurso dele é que ele incentive a tendência de conceber o mundo de uma maneira binária. Ele vê o Estado Islâmico, sunita, como terrorista, sendo o grupo contrário ao Irã xiita. Mas ele não vê o Hezbollah como terrorista, já que é simpatizante do grupo que já fez atentados pelo mundo, inclusive na Argentina na década de 90.
Lajst diz que tal maniqueísmo é um caminho que leva justamente para um lado oposto ao da conciliação.
— Essa é uma maneira problemática de enxergar o mundo, ele vai estar promovendo uma radicalização para um lado, por mais que diga que está combatendo o outro lado. Tem de combater o radicalismo em todas as formas, não denegrir uma para promover outra.
O homem que quer destruir Israel está entre nós. Como um pensador livre e badalado. Ficaremos quietos?
E o radicalismo das palavras do aiatolá, conforme frisa Lajst, se dirigem de maneira implacável contra Israel. Não há como, segundo ele, encontrar uma forma de diálogo em tais condições.
— O regime iraniano é contra a existência do Estado de Israel como um lar do povo judeu, não existe negociação nisso. Para Israel, não é como conversar com palestinos para chegar a um acordo ou com outro país que também não reconheça mas há como argumentar. No caso do Irã, que Araki representa, é um caso isolado no mundo muçulmano, o país é absolutamente contra Israel, não importa a concessão. Isso já é um discurso violento que desestimula o diálogo e a paz.
Aiatolá que prega a destruição de Israel entra no Brasil sem restrições
A Fisesp (Federação Israelita do Estado de São Paulo) entrou novamente em contato com as autoridades brasileiras para alertar sobre o discurso discriminatório do aiatolá, conforme ressaltou o presidente executivo da entidade, Ricardo Berkiensztat.
— Já fizemos contato com autoridades e até reafirmamos. Não sei se a PF está monitorando a visita, não tenho essa informação. Não há confirmação formal de que o aiatolá chegou, provavelmente tenha entrado no País, mas é um trabalho para a PF ou quem de direito como o Itamaraty. Não passa por nós, não prestam contas. Apenas alertamos para o perigo que essa pessoa extremista representa.

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