Cortes no Orçamento atingem áreas sociais do governo
A interrupção do fornecimento de
passaportes e a redução da fiscalização em rodovias não são as únicas áreas
sensíveis impactadas pelos cortes do Orçamento. Setores e ações considerados
emblemáticos pelo alcance social e a urgência também estão sendo impactados em
várias lugares da Esplanada.
O valor gasto pelo Incra com
indenização de imóveis em territórios quilombolas, por exemplo, caiu de R$ 13,2
milhões para 2014 para R$ 3,5 milhões no ano de 2017. Para reconhecimento dos
territórios, o valor caiu de R$ 3,4 milhões para R$ 1,3 milhão.
"A situação é gravíssima, o
Incra está paralisado, e os conflitos nesses territórios podem se
agravar", disse o presidente da organização não governamental Conaq,
coordenação nacional de quilombolas, Denildo Rodrigues de Moraes, o Biko.
Uma das áreas mais sensíveis na
União é a de monitoramento e fiscalização de terras ocupadas por índios
isolados na região amazônica. Há 54 registros de grupos isolados no país, com
20 casos confirmados e mais seis povos de contato recente. Para toda a tarefa,
a Funai conta com apenas 113 servidores.
O orçamento para o setor desabou,
e a Funai reduziu expedições para checagem da segurança dos índios. A previsão
orçamentária com as frentes desabou de R$ 4 milhões, em 2016, para apenas R$
1,9 milhão, em 2017.
Uma das razões apresentadas pelo
então presidente da Funai, Toninho Costa, para pedir demissão do cargo em abril
foi justamente a queda dos gastos com essas frentes.
"Se não houver aporte
financeiro, ações prioritárias na proteção dos índios isolados ficarão
comprometidas, o que pode levar a consequências trágicas", disse Costa
nesta sexta (7).
A escassez de dinheiro atinge
também atividades de agências reguladoras, como fiscalização da Anatel (Agência
Nacional de Telecomunicações) e da ANA (Agência Nacional de Águas).
O aperto no Orçamento compromete
igualmente a atividade diária de universidades e institutos de educação
federais -a reportagem falou com duas entidades (a Universidade Federal de
Campina Grande e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio
Grande do Sul), que afirmam que só possuem recursos para pagar contas de
energia, água, telefone e vigilância até outubro.
Na saúde, o problema mais grave
apareceu nos seis hospitais da rede federal, no Rio. Segundo o procurador
Daniel Macedo, mais 600 profissionais (entre médicos e enfermeiros) com
contratos temporários estão sendo desligados. No Hospital de Ipanema, as cirurgias
foram paralisadas.
OUTRO LADO
O Ministério da Justiça não se
manifestou. O Incra disse que executa as ações conforme o orçamento de que
dispõe. A ANA disse que tem procurado as polícias ambientais dos governos
estaduais para continuar garantindo as ações de fiscalização.
A Anatel informou que passará a
fazer uma fiscalização seletiva, cuja prioridade será a verificação de
possíveis interferências em aeródromos que possam colocar em risco a segurança
do tráfego aéreo.
O Ministério da Educação informou
que R$ 347 milhões foram liberados neste mês para as universidades e institutos
federais. A pasta da Saúde disse que os pacientes do Ipanema estão sendo
direcionados. Com informações da Folhapress.
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