Manifestação pelas Diretas Já reúne centenas de pessoas no Bairro do Recife
Bancário Anilson Barbosa, de 53 anos, protestou lembrando dos irmãos Wesley e Joesley Batista, delatores da JBS. Crédito: Julio Jacobina/DP |
O domingo no Bairro do Recife
está sendo de protesto para artistas, integrantes de movimentos sociais e
simpatizantes das eleições diretas. O Cais da Alfândega recebe, até às 22h, a
mobilização intitulada Recife Pelas Diretas Já, que conta com uma extensa
programação de bandas, intercaladas com breves discursos de representantes de
entidades como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e do MST. Embora o evento
já estivesse marcado desde o início do mês, a absolvição da chapa Dilma-Temer
pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deu um caráter de urgência ainda maior
ao ato.
O evento, totalmente organizado e
financiado por representantes da sociedade civil, acontece na esteira de
mobilizações de artistas em outras cidades, como Rio de Janeiro e Salvador. Em
4 de junho, no Sítio Histórico de Olinda, houve uma iniciativa semelhante
intitulada “Não me venha com indiretas!”. Entre os participantes, estavam nomes
locais como Fábio Trummer, Josildo Sá e Fred Zero Quatro.
Segundo Carla Francine, uma das
organizadoras da iniciativa, o papel dos artistas em se opor ao status quo deve
ser valorizado. “A arte, ao longo dos anos, teve esse papel revolucionário.
Precisamos tirar o governo que está aí. Estamos em uma crise democrática, pois
é da sociedade civil a prerrogativa de eleger os presidentes. Achamos que o
impeachment de Dilma foi um ato machista e misógino”. Já Alessandra Nilo, outra
das organizadoras do ato público, frisa a importância de ocupar as ruas para
reivindicar o direito ao voto. “Depois do julgamento da chapa Dilma-Temer,
ficou muito mais difícil que as vozes das pessoas sejam ouvidas. As ruas
precisam ser um local onde os cidadãos unam suas bandeiras. De que forma um
Congresso como esse vai resolver as questões do país?”.
Jr, Black, um dos artistas
presentes na programação, ressalta também que os artistas são cidadãos que,
entre outras coisas, podem e devem se engajar em defesa da cultura. “Não há
como questionar um chamamento desses. Hoje, estamos em um cenário horrível. Faltam
líderes e querem tirar os poucos direitos que temos. Eles [os políticos] estão
determinados a jogar o Brasil para o patamar de 60 anos atrás, e isso inclui a
arte e a educação, os primeiros a sofrer”.
(Fonte: Diário de Pernanbuco)
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