Janot critica "suposta utilização do aparato estatal" contra Fachin
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Janot reagiu à notícia, publicada pela Revista Veja, de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a pedido do governo Temer, estaria investigando a vida do ministro Edson Fachin
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O procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, alertou para o suposto uso do "aparato do Estado para
intimidar a atuação das autoridades", em uma nota oficial encaminhada à
imprensa neste sábado (10). Janot reagiu à notícia, publicada pela Revista
Veja, de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a pedido do governo Temer, estaria investigando a vida do ministro Edson Fachin, relator do
inquérito contra o presidente no Supremo.
"É com perplexidade que se
toma conhecimento de suposta utilização do aparato estatal para desmerecer um
membro da mais alta corte do País, que tem pautado sua atuação com isenção e
responsabilidade", afirmou Rodrigo Janot.
"O Ministério Público
Brasileiro repudia com veemência essa prática e mantém seu irrestrito compromisso
com o regime democrático e com o cumprimento da Constituição e das leis",
disse o chefe do Ministério Público.
O procurador fez eco à crítica da
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, que
publicou nota oficial horas antes criticando a hipótese de que "devassa
ilegal" estivesse sendo conduzida sobre a vida do ministro. Enquanto
Cármen Lúcia falou em "prática própria de ditaduras", Janot critica
"práticas de um Estado de exceção". O procurador também criticou o
meio político.
"A se confirmar tal atentado
aos Poderes da República e ao Estado Democrático de Direito, ter-se-ia mais um
infeliz episódio da grave crise de representatividade pela qual passa o País.
Em vez de fortalecer a democracia com iniciativas condizentes com os anseios
dos brasileiros, adotam-se práticas de um Estado de exceção", disse Janot.
O procurador-geral fez referência
a uma ideia que vem sendo defendida pelo ministro Gilmar Mendes, a de que não
se pode converter o Estado de Direito em um Estado Policial. Só que, enquanto
Gilmar Mendes alega abuso na condução de investigações pela PGR e pela PF,
Janot afirma que as investigações fora dos procedimentos legais é que devem ser
repudiadas.
"Há uma colossal diferença
entre investigar dentro dos procedimentos legais, os quais preveem garantias
aos acusados, e usar o aparato do Estado para intimidar a atuação das
autoridades com o simples fito de denegrir sua imagem e das instituições a qual
pertencem. O desvirtuamento do órgão de inteligência fragiliza os direitos e as
garantias de todos os cidadãos brasileiros, previstos na nossa Constituição da
República e converte o Estado de Direito, aí sim, em Estado Policial",
disse Janot.
Embate - Desde que homologou as
delações da Odebrecht, o ministro Edson Fachin tem recebido ataques que partem
do Planalto e do Congresso. Deputados da base do governo apresentaram
requerimento à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) pedindo que sejam
solicitadas informações ao ministro sobre a relação dele com o Ricardo Saud, executivo
da JBS e um dos delatores do Grupo J&F. A "tropa de choque" do
governo na Câmara aponta que Fachin teria sido ajudado pelo delator no período
em que estava se preparando para a sabatina no Senado para referendar a
indicação ao Supremo.
O presidente da CCJ, deputado
Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), sinalizou que não há previsão constitucional nem
regimental para votar o requerimento para solicitar informações a Fachin. Os
deputados governistas pretendem apresentar um recurso à mesa diretora pra que o
requerimento seja votado diretamente no plenário.
Neste contexto, as notas oficiais
de Cármen Lúcia, pelo Supremo, e de Janot, pelo Ministério Público Federal,
marcam publicamente a posição em defesa de Fachin em meio a ataques que
partem do Planalto e do Congresso
ao ministro, desde que homologou a delação do Grupo J&F e autorizou
investigação contra Temer.
Na Suprema Corte, o único
ministro que havia saído a público para defender o relator da Lava Jato antes
de Cármen Lúcia foi Luís Roberto Barroso, que disse, em entrevista recente, ver
um "cerco" sobre o colega.
(Fonte: ESTADÂO conteúdo)
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