Governo e sindicatos transferem para Suíça disputa por reforma
© Valdecir Galor/SMCS
Uma das prioridades do governo, a reforma trabalhista ainda será defendida pelo ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, que desembarca em Genebra nesta terça-feira, 13
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O debate sobre a reforma
trabalhista se mudou nesta semana para a Suíça. Nesta segunda-feira, 12, diante
da ONU, sindicatos promoveram uma manifestação contra o governo de Michel Temer
com o objetivo de chamar a atenção internacional contra as propostas que
tramitam no Congresso. Enquanto isso, o governo conseguiu retirar temporariamente
da agenda deste ano da Assembleia-Geral da Organização Internacional do
Trabalho (OIT) acusações de eventuais violações das convenções internacionais.
Uma das prioridades do governo, a
reforma trabalhista ainda será defendida pelo ministro do Trabalho, Ronaldo
Nogueira, que desembarca em Genebra nesta terça-feira, 13. Sua viagem promete
ser acompanhada de perto por sindicatos que querem usar o evento internacional
na sede da ONU para denunciar o governo de Michel Temer. No total, segundo os
documentos oficiais do evento da OIT, mais de cem representantes brasileiros de
entidades patronais, governo e sindicatos estão inscritos oficialmente para a
Assembleia.
Um dos embates entre governo e
sindicatos ocorreu na tentativa dos movimentos de trabalhadores de incluir a
reforma proposta pelo Palácio do Planalto na lista de violações das regras da
OIT e colocar o tema na agenda internacional. Os sindicatos protestavam contra
o que acreditam ser violações às convenções na proposta de reforma "ao estabelecer
a prevalência do negociado sobre o legislado". O projeto de lei está agora
na Comissão de Assuntos Sociais do Senado.
O Brasil acabou não entrando na
lista dos 24 países que terão de se explicar até o final da semana diante da
OIT sobre suspeitas de violações às normas trabalhistas. Antonio Lisboa,
dirigente nacional da CUT, apontou que isso teria ocorrido como resultado de
uma pressão por parte do governo. Há duas semanas, o relator da reforma
trabalhista na Câmara dos Deputados, Rogério Marinho (PSDB/RN), viajou até
Genebra para defender a reforma trabalhista diante dos técnicos da OIT.
Mas a OIT insiste que o caso não
está encerrado, ainda que não seja tratado no evento de 2017. "Os demais
casos que não foram citados nessa lista, incluindo os referentes ao Brasil,
seguem o rito ordinário e estão sendo conduzidos de acordo com o procedimento
normal do Comitê de Peritos para a Aplicação das Convenções e das
Recomendações", explicou a OIT em uma nota.
"O Comitê também solicitou
ao governo que proporcione informações sobre qualquer evolução a
respeito", disse a OIT. "É fundamental ressaltar que o Comitê de
Peritos continuará examinando a aplicação das Convenções em matéria de
negociação coletiva ratificadas pelo Brasil", completou.
Ao jornal "O Estado de S.
Paulo", um dos representantes patronais do Brasil na conferência da OIT
garantiu que o tema não entrou na agenda do comitê responsável por monitorar os
governos. "Esse tema não fez parte das discussões", disse Rodolfo
Tavares, vice-presidente da Confederação Nacional da Agricultura.
Mesmo sem conseguir incluir o
tema na agenda deste ano, seis sindicatos nacionais usaram uma praça diante das
Nações Unidas para tentar chamar a atenção e prometeram que vão manter a
pressão para 2018. O protesto, que chegou a reunir cem pessoas, ainda contou
com o apoio de sindicatos da Venezuela, Argentina, Espanha e de países
africanos.
"O governo acha que
conseguiu retirar o tema da agenda OIT. Mas não conseguiu. De nossa parte, ano
após ano, vamos pressionar para que a reforma seja avaliada pela OIT. Não vamos
aceitar que nossos direitos sejam
reduzidos", disse João Antônio Felício, outro representante da CUT.
Com cartazes pedindo a saída de
Temer, o protesto foi organizado pela Central dos Sindicatos Brasileiros,
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, Central Única dos
Trabalhadores, Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores e Nova Central
Sindical de Trabalhadores.
Procurado, o Ministério do
Trabalho não deu uma resposta por enquanto ao jornal sobre as críticas feitas
pelos sindicalistas em Genebra nem sobre o programa do ministro na Suíça.
Delegação
Mas não são apenas os
representantes de sindicatos e governo que estão em Genebra. Num documento
oficial da OIT sobre a conferência nesta semana, a delegação brasileira é uma
das mais numerosas entre todos os 193 países.
No total, são 40 autoridades governamentais
inscritas. Diplomatas admitiram ao jornal, porém, que alguns dos nomes na lista
oficial não viajaram. Mas ninguém soube dizer quantos membros teria a delegação
brasileira. Além do ministro, a lista inclui treze deputados federais,
procuradores do Ministério Público do Trabalho e membros do Tribunal Superior
do Trabalho. Entre os representantes dos sindicatos, são mais de 50
oficialmente inscritos para o evento em Genebra de acordo com a lista da OIT.
Nem todos viajaram
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