Cunha diz que Joesley mentiu e que discutiu Impeachment com Lula.
EX-PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS ESCREVEU CARTA DENTRO DO PRESÍDIO ONDE CUMPRE PENA, NO PARANÁ (FOTO: FÁBIO RODRIGUES/POZZEBOM/ABR) |
O ex-deputado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) divulgou nota nesta segunda-feira, 19, em que confronta Joesley
Batista, dono da JBS. Em entrevista à revista Época, o delator citou apenas
duas reuniões com o ex-presidente Lula. No entanto, segundo Cunha, ele mentiu.
"Ele [Joesley] fala que só
encontrou o ex-presidente Lula por duas vezes, em 2006 e 2013. Mentira! Ele
apenas se esqueceu que promoveu um encontro que durou horas, no dia 26 de março
de 2016, Sábado de Aleluia, na sua residência [...] entre eu, ele e Lula, a
pedido de Lula, a fim de discutir o processo de impeachment (de Dilma Rousseff)
[...] onde pude constatar a relação entre eles e os constantes encontros que
eles mantinham", escreveu o peemedebista.
Preso no Complexo Médico-Penal de
Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, Cunha disse que o encontro com
Joesley e Lula pode ser comprovado pelos seguranças da presidência da Câmara
que o acompanharam na ocasião, além de registros do carro alugado para
transportá-lo em São Paulo.
Na carta, o deputado cassado diz
que vai pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que o acordo de delação de
Joesley junto ao Judiciário seja anulado. "Espero que o STF reveja esse
absurdo e bilionário acordo desse delinquente".
Eduardo Cunha também chama o
empresário de "perigoso marginal". "Lamento ter exposto a minha
família à convivência com esse perigoso marginal, na minha casa e na dele, onde
hoje fica claro que ele mente para obter benefícios para os seus crimes,
ficando livre da cadeia, obtendo uma leniência fiada, mas desfrutando dos seus
bilionários bens a vista, tais como jatos, iate, cobertura em NY, mansão em St.
Barthy, além de bilhões de dólares no exterior, dentre outros", diz.
O ex-deputado também diz que
Joesley é o maior beneficiário de medidas do governo, embora tenha atacado o
presidente Michel Temer na delação e na entrevista. "É estranho que mesmo
atacando o governo, ele seja o maior beneficiário de medidas do governo, tais
como a MP 783 do Refis, onde ele, como o maior devedor da Previdência no país,
vai poder pagar os bilhões que deve em 15 anos, com descontos e ainda usando
créditos podres e duvidosos, inclusive de terceiros. (...) Ele é também o
grande beneficiário da MP 784, da leniência com o Banco Central e com a CVM
(Câmara de Valores Mobiliários), onde as suas falcatruas no mercado de
capitais, as atuais e as passadas, poderão obter o perdão e ficarem
impunes", diz Cunha na carta.
Em sua delação premiada e em
entrevista à revista "Época", Joesley afirmou que comprava o silêncio
de Cunha com o aval de Temer. Além disso, o empresário declarou que o
ex-deputado cobrou R$ 5 milhões para evitar a abertura de uma CPI que atingiria
a JBS e pediu dinheiro para liberar créditos da Caixa para a empresa.
Na nota, Cunha disse repudiar
"com veemência" as acusações e desafiou o dono da JBS a provar suas
afirmações.
(Fonte: Diário do Poder)
Comentários