Citado para pegar R$ 500 mil por Loures, 'Edgar' é operador de propina do PMDB por Luiz Vassallo e Julia Affonso | Estadão Conteúdo
Ex-deputado Rocha Loures | Foto:
Brizza Cavalcante / Câmara dos Deputados
|
Gravações entre Ricardo Saud, do
grupo J&F, e Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), preso desde sábado (3) em
Brasília, mostram que o ex-assessor do presidente Michel Temer (PMDB) sugeriu
um "Edgar" para a retirada de R$ 500 mil já que "todos os outros
caminhos estavam congestionados". No áudio, colhido pela Polícia Federal (PF),
Loures diz: "Vou pedir para o Edgar primeiro, consultar com ele e ver se o
procedimento pra ele. Ele fica em São Paulo e faz a gerência". O
"Edgar" também apareceu na 47ª das 82 perguntas da PF enviadas na
terça-feira passada a Temer: "Vossa Excelência tem alguém chamado Edgar no
universo de pessoas com quem se relaciona com certa proximidade?",
perguntou a PF. Sua identidade foi revelada ontem pelo site Antagonista.
Trata-se de Edgar Santos Neto, citado na delação do ex-diretor da Odebrecht
José de Carvalho Filho como o operador do PMDB que recebeu propina destinada a
Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil. Segundo Carvalho Filho, Edgar Santos,
"ligado ao partido [PMDB]", foi indicado para receber R$ 2 milhões.
Para não retirar o dinheiro em espécie, Loures sugeriu a emissão de notas
fiscais, mas Saud disse que não poderia deixar rastros. "O negócio está
bom. Semana que vem, tem um milhão e meio. Podemos fazer a nota, mas quanto ia
dar de imposto? 300 paus. Ou então, pra mim, se esse Edgar for um cara
confiável, o melhor jeito sabe qual é? Ele vai lá no estacionamento. Já foi lá,
né?". O estacionamento fica na escola de um projeto social da J&F. No
mesmo lugar, a irmã do corretor Lúcio Funaro foi filmada retirando R$ 400 mil
do porta-malas de um carro. Saud indaga: "É o Edgar que trabalha para o
presidente? Bom, se é da confiança do chefe, não tem problema". E Loures
responde: "Você não conhece e ele também não te conhece". Apesar das
indicações, o então deputado encontrou-se com Saud em São Paulo. No vídeo, gravado
em ação controlada pela PF, Saud afirmou a Loures: "Já tenho 500 mil. E
semana tem mais 500. Então você tem um milhão aí. Isso é toda semana. Vê com
ele". O advogado de Loures, Cezar Bitencourt, afirmou que vai se
manifestar após ter acesso ao material da PF. O Palácio do Planalto não
respondeu à reportagem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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