PEC abre caminho para cancelar eleição de 2018? Não é verdade
Ofício assinado por Rodrigo Maia causou polêmica nas redes sociais (Foto: Reprodução) |
Ato de criação de comissão para
analisar proposta de reforma política gerou polêmica nas redes sociais; texto
não fala em anulação de eleições e será modificado na Câmara.
Um despacho assinado pelo
presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), sobre uma Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) que trata da reforma política provocou polêmica nas
redes sociais nesta quinta-feira (4) porque o texto supostamente abriria
caminho para a anulação das eleições presidenciais de 2018. A informação não é
verdadeira.
O documento, lido em plenário
nesta quinta, cria uma comissão especial para analisar uma PEC de 2003,
apresentada pelo deputado Marcelo Castro (PMDB-MG).
A PEC proposta "põe fim à
reeleição majoritária, determina a simultaneidade das eleições e a duração de
cinco anos dos mandatos para os cargos eletivos, nos níveis federal, estadual e
municipal, nos Poderes Executivo e Legislativo".
A PEC não fala em cancelamento de
eleições para unificar as votações que, atualmente, são realizadas de dois em
dois anos (entre eleições municiáis e nacionais).
Com a publicação do documento de
criação da comissão especial, diversos sites divulgaram que o ato teria como
objetivo anular o pleito de 2018 e abrir caminho para que o atual presidente
Michel Temer continuasse no cargo.
Algumas publicações em redes
sociais chegaram a chamar o ato de "Golpe 2.0", em referência à uma
suposta tentativa de manter o atual presidente no mandato por mais tempo.
A intenção de Maia, porém, era
dar celeridade à tramitação do pacote de projetos de reforma política já em
análise em outra comissão. O ato foi um pedido do próprio colegiado.
Isso porque a PEC de Marcelo
Castro já passou por análie da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, uma
vez aprovada na comissão especial, já estaria pronta para análise da Câmara.
A ideia da comissão da reforma
política é aproveitar o texto de Castro, que é uma "matéria
correlata", e modificá-lo com o conteúdo aprovado no colegiado.
Caso isso não fosse feito, o
conteúdo aprovado pela comissão da reforma política teria ainda de passar por
aprovação da CCJ antes de ir a plenário, o que atrasaria a votação.
"Desta maneira, a instalação
desta comissão de PEC ocorre de maneira simbólica uma vez que apresentaremos um
substitutivo que institui, entre outras medidas, a descoincidência das eleições
a partir de 2022 (em anos separados para Executivo e Legislativo), fim dos
cargos de vice, mandato de dez anos para representantes das Côrtes e adoção do
sistema distrital misto nas eleições a partir de 2026", disse em nota o
relator da proposta de reforma política, deputado Vicente Cândido (PT-SP).
Leia a nota divulgada por Vicente
Cândido para desmentir a polêmica:
NOTA DE ESCLARECIMENTO
Em atenção à notícia veiculada
pelo portal Brasil 247 intitulada “Golpe 2.0: Maia abre caminho para cancelar
as eleições de 2018”, esclareço que a PEC 77/2003 do deputado Marcelo Castro
foi lida pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (PMDB-RJ),
atendendo solicitação da Comissão Especial da Reforma Política.
Eu, como relator, junto ao
presidente Lucio Vieira Lima (PMDB-BA) – com anuência dos membros do colegiado
– escolhemos esta proposição por ser matéria correlata com o tema da
comissão especial para que
possamos deliberar sobre a Proposta de Emenda à Constituição presente no
relatório apresentado em abril na atual Comissão da Reforma Política.
Desta maneira, a instalação desta
Comissão de PEC ocorre de maneira simbólica uma vez que apresentaremos um
substitutivo que institui, entre outras medidas, a descoincidência das eleições
a partir de 2022 (em anos separados para executivo e legislativo), fim dos
cargos de vice, mandato de dez anos para representantes das Côrtes e adoção do
sistema distrital misto nas eleições a partir de 2026.
Deputado Vicente Cândido (PT-SP)
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