Comissão especial aprova relatório da reforma da Previdência
Após mais de seis horas de
discussões, a Comissão Especial da Reforma da Previdência aprovou o relatório
do deputado Arthur Maia (PPS-BA) que modifica as regras para a aposentadoria. O
texto foi aprovado por 23 votos a 14. Para ser aprovado na comissão, o relatório
precisava dos votos favoráveis de pelo menos 19 dos 37 integrantes do
colegiado.
Votaram contra PT, PCdoB, PSOL,
Rede e PDT. Partidos da base aliada, como Solidariedade (SD), PHS, Pros, PSB,
PMB, PSDB, DEM, PMDB, PSC, PP, PRB, PPS, PV e PEN, votaram a favor.
Os deputados ainda terão de votar
os destaques. A intenção do governo é levar a proposta para ser votada no
plenário da Câmara na segunda quinzena deste mês.
Por se tratar de uma mudança na
Constituição, a proposta precisará de pelo menos 308 votos favoráveis no
plenário para ser enviada ao Senado.
Idade mínima e tempo de contribuição
O relatório de Maia estabelece
idade mínima para a aposentadoria de 65 anos para os homens e 62 para as
mulheres, com tempo de mínimo de 25 anos de contribuição. Para receber o
benefício integral a que tem direito, o trabalhador terá que contribuir para a
Previdência Social por 40 anos.
A proposta original do governo
previa idade mínima de 65 anos para homens e mulheres, com 25 anos de
contribuição. O tempo máximo de contribuição para garantir acesso ao benefício
integral era de 49 anos no texto do Palácio do Planalto.
Trabalhadores rurais e
professores
No relatório de Maia, a idade
mínima para aposentadoria dos trabalhadores rurais foi alterada de 65 para 60
anos, com 20 anos de contribuição, em vez de 25, como propôs inicialmente o
governo.
Segundo a proposta do relator, os
professores poderão se aposentar aos 60 anos, com 25 anos de contribuição. Maia
manteve a proposta de inclusão dos parlamentares no Regime Geral da
Previdência, com previsão de aposentadoria a partir dos 60 anos.
Pensões e BPC
O Benefício de Prestação
Continuada (BPC) e a pensão permanecerão vinculados ao salário mínimo. No caso
das pensões, o relatório de Maia prevê o acúmulo de aposentadoria e pensão de
até dois salários mínimos e, para os demais casos, mantém a possibilidade de
opção pelo benefício de maior valor.
Debate
Ao longo da discussão do texto,
deputados da base aliada e da oposição se revezavam para criticar ou defender a
proposta. O relatório foi defendido pelo deputado Pauderney Avelino (DEM-AM),
que destacou que o Executivo cedeu em vários pontos para atender aos pleitos
dos parlamentares. “A proposta foi alterada pelo relator a pedido de vários
parlamentares negociando com o próprio governo para que pudéssemos amenizar. Se
não fizermos quem vai pagar é o povo”, disse.
“Precisamos ter um país com as
contas públicas mais organizadas, com uma política fiscal mais séria para que
possamos fazer políticas públicas adequadas”, acrescentou o parlamentar.
O vice-líder do governo na
Câmara, Darcísio Perondi (PMDB-RS), também defendeu o argumento da austeridade
fiscal e de que a medida ajudará a diminuir a recessão e o desemprego.
A oposição criticou as mudanças
na aposentadoria. Segundo a líder da minoria, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), a
reforma vai retirar a possibilidade dos trabalhadores mais pobres se
aposentarem. “Se deixa de ter um modelo público e se impõe como saída o modelo
privado, porque essa reforma não estimula ninguém a entrar, porque o tempo de contribuição
e enorme”, disse. “Essa reforma além de privatizar a Previdência pública vai
excluir os trabalhadores mais pobres. As mulheres não ganharam com essa
reforma, elas estão perdendo, aumentou a idade de aposentadoria delas para
todas as categorias”, acrescentou.
A deputada também criticou as
mudanças nos integrantes da comissão feitas pelo governo para garantir a
aprovação do relatório e que, segundo ela, não “refletem o verdadeiro placar”
do colegiado.
Para o deputado Pepe Vargas
(PT-RS), se for aprovada como passou na comissão, a reforma da Previdência vai
derrubar a arrecadação e fazer com que os segurados migrem para o Benefício de
Prestação Continuada.
“Esta reforma não tem o objetivo
de preservar as contas da Previdência no longo prazo e vai fazer com que caia a
arrecadação previdenciária. O que ela vai fazer é liberar recursos para o
pagamento de juros da dívida pública”, criticou. “A proposta arrocha o valor
das aposentadorias e ninguém mais se aposentar com o valor dos seus salários,
além de fazer as pessoas trabalharem mais tempo para conseguir 100% do valor do
seu beneficio”, acrescentou.
Agentes penitenciários
O relator chegou a incluir os
agentes penitenciários nas regras especiais de aposentadoria para policiais,
com idade mínima de 55 anos. No entanto, Maia voltou atrás e desistiu da
mudança horas depois. Por causa do recuo, agentes organizaram um protesto em
uma das entradas da Câmara.
Texto ampliado às 21h04
Fonte: Agência Brasil)
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