PL da Recuperação Fiscal dos Estados preocupa chefe do MP-BA; 'intervenção nas instituições' por Cláudia Cardozo
Ediene Lousado | Foto: MP-BA |
A Câmara dos Deputados deve votar na próxima segunda-feira
(10) o Projeto de Lei Complementar 343/17, que cria o Regime de Recuperação
Fiscal dos Estados e do Distrito Federal. O projeto prevê a suspensão
temporária das dívidas e das restrições da Lei de Responsabilidade Fiscal
(LRF), por até seis anos, a partir da adesão do estado a um plano de
contrapartidas, entre as quais a elevação da alíquota de contribuição
previdenciária de servidores de 11% para 14%, o congelamento de reajuste
salariais e a restrição à realização de concursos públicos. A União, com isso,
deixará de receber por três anos, prorrogáveis por mais três, os pagamentos das
dívidas com o Tesouro Nacional e as das restrições da Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF) dos estados. Os estados também terão que reduzir isenções
tributárias para 10% ao ano e privatizar empresas estatais que prestam serviços
financeiros de energia e saneamento. Os estados ainda poderão privatizar
empresas para arrecadar recursos para pagar passivos. Os chefes do Ministério
Público do país se reuniram com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM) na
tarde desta quarta-feira (5), e iriam acompanhar a votação do texto nesta
quinta. A procuradora-geral de Justiça da Bahia, Ediene Lousado, ao Bahia
Notícias, afirmou que os procuradores tentaram mostrar ao relator da proposta,
deputado Pedro Paulo (PMDB-RJ) que pode trazer dificuldades para as
instituições, pois poderão lançar mão de recursos do Fundo de Aparelhamento das
Instituições, como Ministério Público e Judiciário. “Isso é uma intervenção nas
instituições. Quebra a autonomia
administrativa. A quebra da autonomia das instituições traz essa preocupação
para todos nós que somos gestores”, afirma. Ediene ainda diz que a proposta é uma
“lei de futuro”, e que, apesar da Bahia não enfrentar uma dificuldade fiscal,
possa ser que, mais na frente, precise aderir ao programa de recuperação
fiscal. A preocupação com a instituição da qual ela representa é diante da
necessidade, principalmente, de repor servidores e membros que pedem
aposentadoria, exoneração, ou são aprovados para outros concursos. “Sempre
temos que pensar em um quadro que possa atender a sociedade. Esse projeto,
entrando em vigor, no futuro, pode nos causar limitações que nos deixariam em
dificuldade em cumprir nosso papel perante a sociedade baiana”, avalia. Os
procuradores-gerais de Justiça apresentaram propostas de emendas a outros
deputados, e um dos substitutivos prevê a retirada do dispositivo que pode
interferir nas instituições. Ediene ainda analisa que o adiamento da votação do
PL para próxima segunda-feira possa ser em decorrência do governo observar que
não tem maioria para aprovar o texto. “Além disso, acho que os deputados ainda
não estão convencidos de que essa proposta vá trazer benefícios aos estados
brasileiros”. Os membros do MP acompanharão a votação na segunda no Congresso.
O texto precisa ser aprovado por pelo menos 257 deputados.
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