Patrimônio artístico se deteriora nos palácios de Brasília
Foto: Domingos Tadeu/Presidência da República |
Uma investigação aberta a pedido da Diretoria de Documentação
Histórica da Presidência da República descobriu obras de arte e móveis de época
seriamente danificados nos palácios do Planalto e da Alvorada. Além disso, encontrou
um depósito com relíquias empilhadas como se fossem entulho. No Alvorada, duas
telas de Cândido Portinari - avaliadas em R$ 60 milhões - estão em estado
crítico e a tapeçaria Múmias, de Di Cavalcanti, apresenta manchas e
descoloração. O inventário constatou, ainda, o sumiço do vaso de cerâmica
pintado por Eliseu Visconti, que pertence à coleção do Museu Nacional de Belas
Artes, no Rio de Janeiro. O dossiê ao qual o Estado teve acesso também indica
que um vaso oriental do século 19 apareceu quebrado e aparentemente foi
"remendado" com cola, sendo devolvido nesse estado para aquele museu.
Até agora, o governo abriu seis processos de sindicância para apurar os danos
ao patrimônio público e se houve negligência na manutenção do acervo de cerca de
13 mil bens móveis, artísticos, históricos e culturais, conforme determinação
do Tribunal de Contas da União. No depósito que abriga "bens
inservíveis" dos palácios foram resgatados tapetes persas esburacados e
outros dois da Casa Caiada - um deles com 20 metros quadrados, feito
especialmente para a Presidência -, com rasgos nas pontas. A situação mais
dramática, porém, foi verificada na sala de estar do Alvorada. Cedidos pelo
Banco Central, os quadros Jangada do Nordeste e Seringueiros, assinados por
Portinari e segurados em R$ 60 milhões, apresentam rachaduras na pintura. Nas
próximas semanas, serão encaminhados para restauro e substituídos por réplicas.
Um ofício enviado pelo governo ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan) solicita a "instalação de película refletiva com filtro
de raios UV na fachada de vidro" do Alvorada para atingir os
"parâmetros mínimos de temperatura e luminosidade" necessários à
preservação das obras de arte.
por Tânia Monteiro e Vera Rosa | Estadão Conteúdo
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