Carne Fraca: Empresas usavam produtos químicos para 'maquiar aspecto' de alimentos
Foto: PrintScreen / Coletiva da PF / G1 PR |
Das 40 empresas investigadas na Operação Carne Fraca, todas
burlavam a regulamentação quanto à fabricação de alimentos. Em coletiva na manhã
desta sexta-feira (17), a Polícia Federal (PF) revelou que essas empresas
faziam uso de substâncias inadequadas, como a salmonela, para melhorar a
aparência dos alimentos vencidos. "Eles usavam ácidos e outros produtos
químicos para poder maquiar o aspecto físico do alimento. Usam determinados
produtos cancerígenos em alguns casos para poder maquiar características
físicas do produto estragado, o cheiro", afirmou o delegado federal
Maurício Moscardi Grillo, acrescentando que as empresas não demonstravam qualquer
zelo pela qualidade do alimento fabricado. "Não se importavam de forma
alguma com o que era colocado na mesa do consumidor", acrescentou. Em
alguns casos, a qualidade da carne chegava a ser criticada pelos próprios
fiscais, que integravam o esquema. "Eles comentavam entre si que não
estava mais dando para receber", pontuou o delegado. Parte desses produtos
também era exportada para países, como Itália e Espanha. Os envolvidos no
esquema eram membros do mais alto escalão das empresas. No caso da BRF, que
controla marcas, como a Sadia e Perdigão, três executivos foram alvo de
mandados e um deles foi conduzido
coercitivamente para prestar depoimento na sede da PF, em Curitiba. Já na JBS,
que engloba Friboi, Seara, Swift e outras marcas, dois executivos foram alvo de
mandados, um deles de prisão preventiva. No âmbito do serviço público, 34
funcionários são investigados, sendo cerca de 20 deles alvo de prisão. Grillo
conta que a investigação teve início em fevereiro ou março de 2015 depois que
um fiscal do Ministério da Agricultura denunciou o esquema. Até o momento, a
investigação aponta que parte da propina que circulava era destinada a membros
do PMDB e PP. Maior operação já realizada pelo país, a Carne Fraca conta com
311 mandados judiciais e 195 equipes formadas pela PF para colaborar. A
investigação aponta que o esquema no Paraná era comandado pelo
ex-superintendente regional do Mapa, Daniel Gonçalves Filho, e pela chefe de
Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), Maria do Rocio Nascimento.
O atual ministro da Justiça, Osmar Serraglio, também foi citado em meio a uma
ligação interceptada com Gonçalves Filho, mas o juiz responsável pelo caso e o
Ministério Público Federal (MPF) apontam que não há indícios de envolvimento
criminoso no caso (saiba mais aqui).
Comentários