Carne Fraca arranhou imagem do Brasil e prejuízos podem ser 'estratosféricos', diz Maggi
REUTERS/Adriano Machado Ministro da Agricultura, Blairo Maggi, inspeciona salsichas em supermercado, em Brasília |
As suspeitas em torno da qualidade da carne brasileira, geradas pela operação Carne Fraca da Polícia Federal, arranharam a imagem do Brasil no exterior e podem resultar em um prejuízo de valores “estratosféricos”, afirmou nesta quarta-feira o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi.
Em audiência conjunta das comissões de Agricultura e de Assuntos Econômicos do Senado, Maggi disse que os importadores de carne brasileira que mais preocupam o governo brasileiro são China e Hong Kong, que ainda não se posicionaram claramente sobre embargos.
“Estamos falando de números estratosféricos, não sabemos o tamanho da pancada que vem por aí”, disse o ministro.
Para exemplificar, Maggi citou números da média diária de embarque de carnes, de cerca de 63 milhões de dólares.
“No dia de ontem tivemos 74 mil dólares”, afirmou o ministro.
Para o ministro, o Brasil pode ter uma oscilação de mercado de aproximadamente 10 por cento, cerca de 1,5 bilhão de dólares em termos anuais.
“É uma estimativa. Nós temos 15 bilhões de dólares por ano de exportacão nesse mercado, se tiver uma perda de mercado de 10 por cento, seria aproximadamente um número desse. É claro que vamos trabalhar para que não aconteça”, disse.
CONVERSAS
Maggi disse ainda que o Brasil tem conversado com diversos países compradores e admitiu preocupação especial com relação à China e à Hong Kong. Segundo ele, o mercado está em “compasso de espera” pelas reações desses dois importantes compradores.
Para ele, o “melhor dos mundos” é o problema ficar restrito às 21 plantas abarcadas pela investigação da Polícia Federal e não ser tratado de forma generalizada.
“Os países com quem nós conversamos já esta acertado, nós não teremos problemas além desses 21 estabelecimentos”, afirmou.
“Agora, a imagem do Brasil ficou arranhada”, admitiu. “É um sentimento que tem na população brasileira e fora daqui, então, os prejuízos que vamos ter vão ser muito grandes”, disse.
O ministro disse que vai telefonar até manhã de quinta-feira para o ministro da Agricultura da Rússia para “dar algumas explicações” e checar se o governo russo precisa de mais informações.
“Nesse momento, todo nosso esforço está na direção de cuidar dos mercados”, disse o ministro a jornalistas, após a audiência.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello; Reportagem adicional de Leonardo Goy)
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