Prefeitos e vereadores tomam posse neste domingo
Justiça Eleitoral |
Tomam posse hoje (1º) os mais de 63,4 mil candidatos que venceram as
eleições de outubro de 2016 e vão ocupar as prefeituras e assembleias
legislativas em 5.568 municípios. Entre os prefeitos, 1.384 dos vencedores foram reeleitos, sendo 15 em capitais.
Pendências judiciais
Apesar do fim do
processo eleitoral, dezenas de municípios brasileiros começarão o ano
sem saber quem os governará pelos próximos quatro anos. São as cidades
em que o candidato mais votado teve o registro de candidatura negado
pelo Tribunal Regional Eleitoral, mas conseguiram disputar as eleições
sob efeito de medidas liminares e aguardam o julgamento de recursos no
Tribunal Superior Eleitoral.
O problema é inédito e causa
insegurança jurídica nos municípios em que persiste a indefinição.
Segundo o TSE, caberá ao juiz eleitoral responsável pela jurisdição de
cada uma dessas cidades determinar como proceder, por exemplo, se o
candidato eleito poderá tomar posse até a definição final na Justiça.
O
problema decorre das mudanças realizadas em 2015 no Código Eleitoral,
quando a legislação passou a prever um período mais curto antes do
pleito para o registro das candidaturas, encurtando também o tempo para
que a Justiça Eleitoral pudesse julgar as impugnações.
“Esse é um
dado que nos preocupa. Já estamos sugerindo que haja um prazo mais
largo, mais amplo, de registro. Ou uma fase de pré-registro, para que as
impugnações possam correr e, de fato, nós tenhamos um quadro de maior
segurança jurídica ao fim e ao cabo”, disse o presidente do TSE,
ministro Gilmar Mendes, no encerramento do Ano Judiciário.
O Código Eleitoral prevê a realização de uma nova eleição no caso de cassação do registro do candidato mais votado.
Crise financeira
Muitos prefeitos vão encontrar o município com cofres vazios e déficit. Na última semana, o governo federal repassou
R$ 4,5 bilhões para aliviar as contas dos municípios, após o Tribunal
de Contas da União (TCU) recuar da decisão que impedia o repasse.
Os
recursos são provenientes das multas pagas por contribuintes que
regularizaram ativos mantidos no exterior, no programa que ficou
conhecido como repatriação. Apesar do dinheiro ter sido depositado no
dia 30, os municípios só poderão ter acesso ao dinheiro no dia 2 de
janeiro, porque os bancos estavam fechados na última sexta-feira do ano.
Os
prefeitos tinham pressa para receber o dinheiro para poder
contabilizá-lo ainda nos balanços de 2016. Segundo o presidente da
Frente Nacional dos Prefeitos, Márcio Lacerda, prefeito de Belo
Horizonte que deixa o cargo neste domingo, entre 3 mil e 4 mil
municípios não conseguiriam cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal
caso não recebessem o reforço de caixa.
Perfil dos eleitos
Nas primeiras eleições
realizadas após o fim do financiamento de empresas a candidatos e
partidos, o que reduziu a menos da metade os recursos das campanhas,
pouco mudou no perfil dos governantes escolhidos pela população: eles
continuam a ser predominantemente homens (87%), brancos (58%) e na faixa
etária entre 40 e 49 anos (34%).
O número de mulheres eleitas
permaneceu estacionado em 13%, na comparação com a eleição anterior, num
contraste com o número de eleitoras, que no pleito de 2016
corresponderam a 52% de todos os 144 milhões de cidadãos aptos a votar.
Apenas uma capital será governada por mulher: Boa Vista (RR), onde
Teresa Surita (PMDB) foi eleita no primeiro turno, com 79% dos votos.
Por
outro lado, um fator de mudança que marcou a eleição foi a pulverização
política. Ganharam espaço os candidatos dos partidos chamados
“nanicos”, que têm pouca representatividade no cenário nacional. Somente
nas capitais, foram eleitos prefeitos de 13 diferentes partidos.
As legendas menores abocanharam capitais importantes, como a eleição
por exemplo de Alexandre Khalil (PHS), em Belo Horizonte, Rafael Greca
(PMN), em Curitiba, e Marcelo Crivella (PRB), no Rio de Janeiro.
Os partidos pequenos preencheram o vácuo deixado
por legendas como o PT, cuja imagem ficou fortemente desgastada pelas
repercussões da Operação Lava Jato e pelo processo de impeachment de
Dilma Rousseff. O partido sofreu uma expressiva perda de espaço na
política local, elegendo 45% menos vereadores do que em 2012 e
conquistando apenas uma capital: Rio Branco (AC).
O grande
vencedor das eleições municipais foi o PSDB, que recebeu o maior número
de votos nominais e garantiu, no primeiro turno, o comando de São Paulo,
a maior e mais rica cidade do país. Ao todo, os tucanos conquistaram
sete capitais e vão governar um contigente populacional de 37,5 milhões
de brasileiros.
A pulverização, segundo especialistas, foi consequência da descrença da população na política o que se refletiu no grande número de abstenções e votos nulos.
Somente no primeiro turno, 25 milhões de eleitores não compareceram às
urnas, e em cidades como Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Porto Alegre
os votos brancos e nulos teriam vencido as eleições caso fossem um
candidato.
Felipe Pontes - Repórter da Agência Brasil
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