Pensão vitalícia para vítimas de microcefalia aguarda análise na CAE
Projeto de lei do Senado (PLS 255/2016)
que concede pensão especial vitalícia, no valor de um salário mínimo
(R$ 937, em 2017), a pessoas comprovadamente diagnosticadas com
microcefalia causada pelo vírus da zika, e cuja renda familiar seja de
até dez salários mínimos, aguarda análise da Comissão de Assuntos
Econômicos (CAE). O projeto recebeu parecer favorável da Comissão de
Assuntos Sociais (CAS) em dezembro.
- Famílias e crianças não são culpadas pelo que adquiriram, muitas
vezes por causa da omissão do poder público. São inúmeros problemas, com
os quais muitas vezes nem a medicina sabe lidar; é algo novo. São graus
diversos de lesões e não temos certeza de qual será o futuro dessas
crianças– defendeu o autor, senador Eduardo Amorim (PSC-SE), durante a
votação da matéria na CAS.
Atualmente, as pessoas diagnosticadas com microcefalia causada pelo
vírus da zika já recebem pensão especial, mas a lei que estabelece a
medida estipula o seu pagamento por até três anos. A Lei 13.3011,
sancionada em junho do ano passado pelo então presidente interino, Michel Temer, foi originária da Medida Provisória (MP) 712/2016, transformada no Projeto de Lei de Conversão (PLV 9/16), por ter sido modificada pelo Congresso.
A lei também garantiu a licença-maternidade estendida, de seis meses, às mães de bebês com a síndrome congênita.
A Lei 13.3011 autoriza
o ingresso forçado de agentes de combate a endemias em imóveis
abandonados, diante da preocupação com o combate ao mosquito Aedes aegypti e das doenças que pode transmitir, como dengue, chicungunha e zika.
Também foi criado por essa lei o Programa Nacional de Apoio ao Combate às Doenças Transmitidas pelo Aedes (Pronaedes), para financiar projetos de combate à proliferação do mosquito transmissor das doenças.
Outros projetos
Ainda diante da preocupação com o combate ao mosquito Aedes aegypti,
o Senado aprovou projeto da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) para
facilitar o acesso de gestantes a repelentes eficazes contra o
mosquito. O PLS 72/2016
obriga o governo a oferecê-los gratuitamente às grávidas, para evitar
problemas com o desabastecimento ocasional e os preços elevados. Hoje, a
distribuição só é feita às beneficiárias do Programa Bolsa-Família.
Esse projeto já foi encaminhado para análise da Câmara.
Mas ainda aguarda votação na CAS outro projeto da senadora (PLS 73/2016)
que propõe reduzir a zero as alíquotas da Contribuição para o
PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade
Social (Cofins) incidentes na importação e sobre a receita bruta de
venda no mercado interno de repelentes. A ideia é desonerá-los desses
tributos para diminuir o preço ao consumidor e aumentar o acesso da
população, principalmente de baixa renda, ao produto.
Números
Dados dos boletins epidemiológicos do Ministério da Saúde mostram uma
elevação considerável dos casos da febre chicungunha no país, que
saltaram de 20 mil casos em 2015 para mais de 263 mil em 2016. Os
números da dengue, no entanto, são sempre superiores.
O Brasil registrou, até o início de dezembro de 2016, mais de 1,48
milhão de casos suspeitos de dengue. Sudeste e Nordeste apresentam os
maiores números, com mais de 855 mil e 323 mil casos, respectivamente.
Em seguida estão as Regiões Centro-Oeste (197.033), Sul (73.196) e Norte
(38.461). Houve 609 óbitos. O ano de 2015 foi recordista em dengue:
mais de 1,68 milhão de casos no país, maior número constatado na série
histórica, iniciada em 1990, com 863 mortes em decorrência da doença. Em
2014, foram pouco mais de 589 mil casos registrados.
Até o início de dezembro, foram notificados, 263.598 casos prováveis
de chicungunha, com 159 óbitos pela doença, nos estados de Pernambuco
(54), Paraíba (32), Rio Grande do Norte (25), Ceará (21), Rio de Janeiro
(9), Alagoas (6), Bahia (4), Maranhão (5), Piauí (1), Sergipe (1) e
Distrito Federal (1). Os óbitos estão sendo investigados pelos estados e
municípios mais detalhadamente, para que seja possível determinar se há
outros fatores associados com a febre, como doenças prévias,
comorbidades, uso de medicamentos, entre outros. Em 2015, foram
registrados pouco mais de 38 mil casos suspeitos.
De zika, foram considerados 211.770 casos prováveis em todo o Brasil
em 2016. A transmissão autóctone do vírus no país, ou seja, sem ser caso
trazido do exterior, foi confirmada a partir de abril de 2015, com a
confirmação laboratorial no município de Camaçari (BA). A Região Sudeste
teve mais de 90 mil casos prováveis da doença, seguida das Regiões
Nordeste (75.733); Centro-Oeste (31.707); Norte (12.749) e Sul (956). Em
abril de 2016, primeiro registro numérico feito pelo Ministério da
Saúde no boletim epidemiológico, foram registrados 91,3 mil casos
suspeitos de zika em todo o país, com três óbitos de adultos: em São
Luís (MA), em Benevides (PA) e em Serrinha (RN).
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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