Opinião: O olho do furacão na eleição da mesa diretora da Câmara de Ipiaú

Na foto, os eleitos para a mesa diretora da Câmara no biênio 2017/2018  (Foto: Zé Gomes)

A eleição da Mesa Diretora da Câmara rendeu polêmicas por conta de interpretações errôneas e insinuações perversas. Ao que parece tem gente que não compreende o princípio da proporcionalidade e não sabe distinguir fidelidade de subserviência, ou finge que não ver seus próprios atos ao criticar nos atos alheios aquilo que também lhes é muito mais inerente e peculiar.
O olho do furacão foi a composição do trio parlamentar do PP com vereadores do PMDB e do PTdoB. A inesperada aliança resultou na eleição da primeira Mesa Diretora da nova legislatura. Reclamam que os integrantes dessas duas últimas agremiações estiveram na base política do ex-prefeito Deraldino Araújo.
Os que criticam essa fusão esqueceram que eles também se juntaram aos vereadores do DEM que estiveram no mesmo palanque de Deraldino durante a campanha derrotada de Cleraldo Andrade, principal liderança local dos Democratas. É como se quisessem “tapar o sol com a peneira”.
Santa insensatez. PMDB, PTdoB e DEM fazem oposição à base governista estadual e portanto são peças de uma mesma engrenagem comandada na Bahia pelas remanescentes forças “carlistas”. Mas isso não vem ao caso neste momento. Cada caso é um caso.
A Lei Orgânica do Município de Ipiaú, em seu Art. 49 - Inciso 2º reza que na constituição da Mesa Diretora da Câmara de Vereadores, é assegurada, tanto quanto possível a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da Casa.
Nada de anormal, portanto na composição da chapa vitoriosa encabeçada pelo vereador José Carlos Bispo dos Santos (Carlinhos) -PP- e composta por Jean Kleber-PMDB- (1º secretário), Erivaldo Carlos, o popular Pery - PP- (2º secretário) e Josenaldo de Jesus, mais conhecido como “Jô da AABB” (vice-presidente).
Ao ser reconduzido para o seu segundo mandato na presidência da Mesa Diretora da Câmara, fato ocorrido na legislatura passada, Jean contou com o apoio da bancada oposicionista então formada por Margarete, Orlando e Jô da AABB. Essa bancada indicou o nome de Jô para a segunda secretária da Câmara. E assim foi feito. Ninguém reclamou.
Jean não esconde que antes da eleição do dia 1º de Janeiro de 2017 foi procurado pelo pessoal de Cezário e aderentes para compor a chapa liderada por Cláudio Nascimento e garantir a eleição da mesma com o apoio de outros vereadores que estavam no palanque de Cleraldo Andrade, inclusive aqueles que seguiam a orientação do ex-prefeito Deraldino.
Queriam com essa composição jogar para escanteio a trinca do Partido Progressista que sempre honrou os fundamentos da agremiação e nunca deixou de estar ao lado da sua correligionária Maria. A manobra "cezariana" não deu certo e Jean preferiu ficar com o pessoal do PP. Simone Coutinho, Andreia, Lucas do Social e Fite seguiram no mesmo caminho. O feitiço virou pra cima do feiticeiro.
É obvio que caberia ao bloco pepista concorrer ao processo e se impor como locomotiva e não um mero vagão de reboque. O fortalecimento do governo da prefeita começa com o fortalecimento do seu partido na Câmara, mesmo que para isto houvesse necessidade de alianças com membros da oposição, os quais dizem não ter nenhum interesse em prejudicar o governo recém instalado.
É preciso inteligência para consolidar essa segurança. A chapa derrotada, encabeçada por Cláudio Nascimento, do PSD de Cezário Costa, e composta por dois membros do DEM de Cleraldo Andrade queria esse mérito. Em tese: Cezário, mesmo nos bastidores, ficaria no comando do Poder Legislativo. A bronca maior está no malogro desse projeto. Não custa lembrar que o grupo de Cezário encontrou em Maria e seus fiéis seguidores uma autentica “tabua de salvação”, já que estava à deriva no processo sucessório do município.
O índice de aceitação de Cezário nas previas eleitorais era reduzidíssimo. Não teria nenhuma condição de ser eleito. Maria ganharia dele e dos demais candidatos, estando juntos ou separados. Cezário foi salvo por Maria e criou a ilusão de ter contribuído decisivamente para a   eleição desta, embora tenha dado a sua contribuição. Foi contemplado com uma secretaria, além de outros cargos importantes. No entanto ele parece que quer mais... Queria a Câmara. Tê-la sob controle. Malogrado este projeto, criou-se a polemica, plantou-se uma tentativa de discórdia entre Maria e seus fiéis escudeiros do PP. Estabeleceu-se o olho do furacão.
Persistindo a incompreensão com a chapa vitoriosa, germina o risco de o governo perder a maioria na Câmara. Maria precisa estar atenta a isto. Cabe a ela valorizar a prata da casa que sempre lhe valorizou, mas não pode ser títere. Fidelidade é uma coisa, subserviência é outra completamente diferente.  *Por José Américo Castro

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