OAB diz que presídios do país estão sob controle de facções criminosas
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O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Claudio Lamachia, disse hoje (2), após rebelião que deixou pelo menos 56 mortos
no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, que o Poder
Público precisa reassumir o controle das penitenciárias e dos presídios
do país, que segundo ele, são controlados por facções criminosas
Lamachia
disse que as notícias sobre a rebelião confirmam que a brutalidade no
sistema penitenciário brasileiro “virou rotina” e que não há
“ineditismo” no caso, destacando que nos últimos anos episódios
parecidos ocorreram no Maranhão, Pernambuco e Roraima. “O Estado
brasileiro precisa cumprir sua obrigação de resolver esse problema com a
rapidez e a urgência necessárias, sem paliativos que somente mascaram a
questão”, disse o dirigente em nota.
O presidente da OAB
destacou que a recente decisão do Supremo Tribunal Federal de permitir a
execução antecipada da pena antes do trânsito em julgado, ou seja,
antes que os recursos judiciais se esgotem, certamente agravará a
situação dos presídios com o encarceramento de cidadãos inocentes,
especialmente os réus menos favorecidos, aumentando a população
carcerária e com isso o clima tenso dentro de presídios já lotados.
Lamachia
sugere maior celeridade processual por parte de tribunais superiores e a
“prioridade absoluta” no julgamento de habeas corpus e recursos, a fim
de evitar o prolongamento de prisões consideradas injustas.
Nova rebelião
De acordo com a Secretaria de
Segurança Pública do Amazonas, a rebelião no Compaj começou ontem (1º) a
partir de uma guerra interna entre duas facções, a Família do Norte
(FDN) e o Primeiro Comando da Capital (PCC). A rebelião foi controlada
por volta das 8h30 de hoje. Há confirmação de que pelo menos 56 detentos
foram mortos durante o confronto, no maior massacre do sistema
penitenciário do estado.
Antes do massacre no Compaj, 72 presos
haviam fugido neste domingo do Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat),
que abriga 229 pessoas. O Ipat fica a cerca de 5 km do Compaj.
Na
tarde de hoje houve uma nova rebelião no Amazonas, dessa vez no Centro
de Detenção Provisória Masculino (CDPM), também em Manaus. O CDPM tem
capacidade para 568 presos, mas, segundo a secretaria, atualmente o
local abriga 1.568 internos.
Ainda não há informações precisas sobre o número de fugitivos, mas a estimativa é de que mais de 200 detentos tenham escapado.
O ministro da Justiça, Alexandre de Morais, viajou para Manaus na noite
desta segunda-feira. Mais cedo, o Ministério da Justiça e Cidadania
divulgou nota informando que o ministro havia se colocado à disposição do governador do Amazonas, José Melo de Oliveira, “para tudo o que fosse preciso”.
Maiana Diniz - Repórter da Agência Brasil
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