‘Temer com dias contados’, avalia Florence; ‘Criminalização da política’, rebate Elmar por Bruno Luiz

Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
Apelidada de “delação do fim do mundo”, a delação da Odebrecht parece fazer jus à alcunha recebida. Divulgada - extraoficialmente - no sábado (10), a primeira colaboração mostrou que pode ser a ignição necessária para iniciar um processo de combustão capaz de carbonizar o governo Michel Temer e a imagem do Congresso, já chamuscada junto à opinião pública. Pluripartidária, a colaboração daquela que foi um dia a maior empreiteira do país promete atingir figuras dos mais variados espectros políticos, e a delação de Cláudio Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, trouxe impactos e espalhou pânico em Brasília. Citado, o presidente Michel Temer se viu, junto com a cúpula palaciana – alguns de seus ministros também foram mencionados – arrastado mais uma vez para o centro da crise política. E, na avaliação do deputado federal Afonso Florence (BA), líder do PT na Câmara, não tem mais condições de governar. "Fizeram o golpe, mas não pesa nenhuma acusação de corrupção contra Dilma. O governo Temer está com dias contados. Derreteu e ele tem que renunciar e convocar eleições diretas”, criticou em entrevista ao Bahia Notícias. Ainda segundo o petista, Temer, que teria pedido R$ 10 milhões à empreiteira, “não tem legitimidade” para aprovar as medidas propostas pelo governo. E é assim, aproveitando o momento de fragilidade que atinge o Planalto por causa da delação, que a oposição vai atuar para obstruir as próximas votações na Câmara. “Vou lutar para isso, vamos obstruir, vamos tentar impedir que eles aprovem a reforma da Previdência. Mas eles têm maioria, são muito conservadores. São defensores dessa política de perseguir o povo pobre”, declarou. Ainda de acordo com o líder petista, o clima em Brasília é de “pânico” com as delações. Para o deputado federal Elmar Nascimento (DEM-BA), a delação da Odebrecht não deve atravancar a pauta de apreciações na Câmara, já que o recesso parlamentar está próximo, mas é necessário “cuidado” com a forma como as informações das colaborações estão sendo divulgadas. O democrata falou também em um processo de “criminalização da política”. “Fico preocupado como algumas pessoas induzindo a mídia a fazer a criminalização da política, o que é preocupante. Não há saída para a crise fora da política. As instituições estão funcionando”, ponderou em entrevista ao BN. Na opinião do parlamentar, o vazamento de delações deve ser apurado “com rigor”. O procurador-geral da República afirmou que vai pedir a investigação da divulgação do inteiro teor do depoimento de Melo Filho. “É preciso que o MP tome muito cuidado com essa coisa dos vazamentos. Se vaza uma delação sem ela estar homologada, sequer passou pelo crivo da Procuradoria, eu acho que a delação precisa cair. Aliás, acho que é preciso acabar sigilo, porque tudo vaza”, ironizou. O deputado disse também não acreditar que o governo Temer chegue ao fim antes de 1º de janeiro de 2018, mas avalia que as delações criam um “momento de insegurança e instabilidade”. “Num ambiente desse, qual o investidor, fundo internacional que vai investir no Brasil?”, questionou. Apesar de ter sido a primeira a vir à tona, a colaboração do ex-dirigente da Odebrecht é apenas uma das 77 acordadas por executivos da empreiteira com a força-tarefa da Lava Jato. Na delação de Melo Filho, aparecem 18 políticos baianos, que teriam embolsado quase R$ 23 milhões da construtora (veja aqui). Nenhum dos dois deputados ouvidos pelo Bahia Notícias, no entanto, foram implicados pelo ex-executivo.
(Fonte: Bahia noticias)

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