Pagamentos a Jucá superam R$ 22 milhões, diz delator
Foto: Antônio Cruz / Agência Brasil |
O senador Romero Jucá (PMDB-RR) recebeu R$ 22 milhões de propina da
Odebrecht, segundo a delação do ex-vice-presidente de Relações
Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho. De acordo com o delator,
o atual líder do governo no Congresso "concentrava a arrecadação e
distribuição dos recursos destinados ao partido". Em troca, Jucá atuava
como "patrocinador" de uma "intensa agenda legislativa" em favor da
Odebrecht. Jucá recebeu o apelido de "Caju". O delator disse que o fato
de sua relação com Jucá envolver dinheiro lhe dava privilégios, como o
de ser recebido a hora que quisesse, mesmo com o gabinete lotado de
pessoas ou de esperar o senador na sala dele, mesmo sem a presença do
parlamentar. Sobre a escolha do senador como o principal articulador da
empreiteira no Congresso, Melo apontou dois motivos: "a intensidade da
sua devoção aos pleitos que eram do nosso interesse e o elevado valor
dos pagamentos financeiros que foram feitos ao senador ao longo dos
anos", diz o anexo da delação premiada. Segundo o ex-executivo da
Odebrecht, Jucá atuou para a aprovação de 14 projetos de lei ou medidas
provisórias de interesse da empreiteira, principalmente de temas
tributários. O delator lembra que ele é considerado o "Resolvedor da
República no Congresso" e o "Eterno Líder", por ter ocupado esse cargo
várias vezes. Segundo Melo, Jucá também tinha "desenvoltura" no
tratamento com o Poder Executivo, especialmente nos ministérios da
Fazenda e do Planejamento. A conta, disse o delator, era paga nas
eleições. "Todo apoio desenvolvido pelo senador teria, nos momentos de
campanha, uma conta a ser paga", disse. Ele relatou que os apoios eram
"equacionados" nas contribuições a pretexto da campanha eleitoral, de
forma oficial ou via caixa 2.
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