Homenagens a vítimas de acidente comovem atletas e população de Chapecó
Chapecó - Um tributo à Chapecoense e às vítimas da tragédia com o voo da delegação, na madrugada de terça-feira (29), tomou a Arena Condá, estádio da Chapecoense (Daniel Isaia/Agência Brasil) |
Dezenas de milhares de pessoas lotaram a Arena Condá, estádio da
Chapecoense, na noite de ontem (30) para homenagear as vítimas do
acidente aéreo na Colômbia. O avião que caiu levava a delegação do clube
catarinense e jornalistas para Medellín, na Colômbia, onde seria
disputada a primeira partida da final da Copa Sul-americana contra o
Atlético Nacional. A homenagem aconteceu na mesma noite em que estava
previsto o jogo entre as duas equipes.
A emoção tomou conta da
multidão desde a chegada ao estádio. Nas ruas de Chapecó, parecia não
haver outro destino possível que não fosse a Arena Condá: grupos de
amigos e famílias inteiras caminhavam rumo ao estádio vestindo as cores
da Chapecoense e carregando faixas e bandeiras do clube.
As homenagens aconteceram simultaneamente na Arena Condá e no estádio Atanasio Girardot, em Medellín, na Colômbia, no horário em que seria disputada a partida.Saiba Mais
As
arquibancadas ficaram completamente lotadas. Os torcedores passaram a
noite entoando cantos de apoio, em um esforço para mostrar ao mundo que o
Verdão do Oeste não vai morrer com a tragédia que levou grande parte de
seus jogadores, dirigentes e comissão técnica.
Com a presença no
gramado de parentes das vítimas e de atletas que não foram relacionados
para a viagem, a homenagem teve uma celebração religiosa em nome dos
mortos. Em seguida, no auge da cerimônia, o telão da Arena Condá exibiu
os nomes e as fotos de todas as 71 pessoas que morreram no acidente,
momento que levou a multidão às lágrimas.
Homenagem emociona atletas
“Eu
estava na lista do vôo e não fui de última hora. Acho que isso, talvez,
seja um aviso que era pra eu ficar aqui. Por isso, não posso me negar a
nada. O que precisar fazer por esse clube, eu estou disposto”, afirmou o
goleiro Nivaldo. Ele havia anunciado, após o acidente, que iria se
aposentar dos gramados, mas agora disse não descartar uma sequência na
carreira para ajudar a Chapecoense.
O atleta, um dos mais antigos
no clube, falou sobre a torcida que lotou a Arena Condá para homenagear
as vítimas da tragédia. “O torcedor tem a mesma dor que nós temos. Acho
que eles fizeram hoje aquilo que não puderam fazer na final [da Copa
Sul-americana]. Eles acreditavam que poderíamos ganhar o título, e acho
que hoje foi uma válvula de escape. A gente se sente confortável de ter o
apoio do torcedor nesse momento”, concluiu Nivaldo.
Outro
goleiro da Chapecoense que não viajou com a delegação, Marcelo Boeck,
disse que pretende preservar a memória dos colegas que morreram no
acidente. “A minha lembrança, aquilo que eu vou tentar passar, é de
alegria. É de um grupo feliz de homens que faziam tudo por suas
famílias, para que os filhos deles, quando crescerem, possam ter orgulho
e lembrar deles com carinho e alegria”, ressaltou.
Boeck contou,
ainda, que fez aniversário na segunda-feira (28), véspera da tragédia.
Ele pediu para não viajar para poder aproveitar a data com a família. “A
gente tem um grupo no WhatsApp só dos jogadores. Todos eles me
felicitaram, então eu vou guardar esse grupo pra sempre. Não vou apagar,
não vou sair, porque essa é a última lembrança que eu tenho deles. Um
grupo parceiro, um grupo amigo”, relatou o atleta.
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