Deputados divergem sobre projeto que muda as regras de concessão de benefícios previdenciários
Foto: Divulgação |
Deputados discordaram sobre o projeto de lei que muda as regras de
concessão de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez (PL 6427/16), em comissão geral sobre a proposta, no Plenário da Câmara, que acaba de ser encerrada.
As mudanças trazidas no projeto estavam inicialmente previstas na
Medida Provisória (MP) 739/16, que foi apresentada em julho deste ano e
perdeu a vigência em 4 de novembro. Entre outros pontos, o projeto do
Executivo prevê a realização de perícias nos trabalhadores que recebem
os benefícios do auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez há mais
de dois anos sem um novo exame. É criado ainda um bônus salarial de R$
60 para peritos médicos do INSS por perícia a mais feita, tendo como
referência a capacidade operacional do profissional.
O deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), que pediu a comissão geral,
acusou o governo de querer cortar benefícios dos trabalhadores com a
proposta – benefícios muitas vezes da ordem de pouco mais de um salário
mínimo e meio, segundo ele. Ele destacou que, durante a vigência da MP,
mais de 80% das perícias levaram a corte dos benefícios. Representantes
de peritos afirmaram, durante a comissão geral, que em parte dos casos o
aposentado por invalidez estava trabalhando. “Se alguém está
trabalhando, fazendo bico, é porque recebe uma mixaria”, apontou o
deputado. “Chega de punir o trabalhador”, completou.
O parlamentar criticou o bônus previsto para o perito e disse que que
não é preciso “mutirão de peritos” para a revisão de benefícios. De
acordo com ele, uma perícia para a concessão de benefícios muitas vezes
demora muitas vezes 60 dias ou 90 dias. Ainda conforme Faria de Sá, na
maior parte das vezes a perícia do INSS é negativa, por isso o
trabalhador tem que recorrer à Justiça para conseguir o benefício, e
agora o governo quer revisar esses benefícios concedidos judicialmente.
Ele pediu respeito ao aposentado por invalidez e ao beneficiário de
auxílio-doença. Para ele, as mudanças nas regras previdenciárias visam
“inflar a previdência privada".
O deputado Bohn Gass (PT-RS) classificou o projeto de perverso, cruel e
desumano. Para ele, o governo usa situações localizadas, que podia
resolver administrativamente, para tirar direitos previdenciário.
Já o vice-líder do governo, Darcísio Perondi (PMDB-RS), defendeu a
mudança nas regras da Previdência. “Ou faz a Reforma da Previdência, ou
daqui quatro anos o governo começará a atrasar pagamentos”, disse.
Segundo ele, se não houver mudanças, daqui a 20 anos o dinheiro de
impostos será destinado todo para a Previdência, em vez de ir para a
saúde ou a educação. Ainda conforme o parlamentar, de cada 10
aposentadorias rurais, um terço é fraude.
(Fonte: Agência Câmara)
Comentários