Rombo na previdência dos Estados supera R$ 75 bilhões
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Os governadores estão se organizando para apresentar ao governo federal
um pacote de socorro à previdência dos Estados. O plano inclui dar apoio
a uma ampla reforma previdenciária, que trate não apenas do INSS, mas
inclua as previdências do setor público estadual. Mas eles pedem uma
contrapartida: que a União aceite comprar ativos dos Estados para que,
nos próximos dois a três anos, possam receber cerca de R$ 150 bilhões
para tirar as suas previdências do vermelho. Um grupo de trabalho já
redigiu 12 medidas para serem incluídas na reforma previdenciária
proposta pelo governo como um capítulo dedicado aos Estados. No plano
político, os governadores enfrentariam a oposição de servidores em suas
bases e apoiariam a reforma no Congresso, para que fosse aprovada o mais
rápido possível. Entre os Estados que acompanham de perto a elaboração
do pacote estão São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa
Catarina, Ceará, Sergipe, Goiás e Rio de Janeiro. Quem coordenou a
organização das medidas que vão compor a reforma foi ex-secretário de
Fazenda do Rio, Julio Bueno, e um de seus principais defensores é o
governador Luiz Fernando Pezão. As medidas da reforma já foram avaliadas
numa reunião de governadores em Brasília e apresentadas, em caráter
preliminar, ao economista Marcelo Caetano, secretário de Previdência,
numa reunião do Comitê de Secretários de Estado da Fazenda (Comsefaz)
que ocorreu no Rio há duas semanas. O pacote volta a ser discutido no
encontro de governadores na próxima terça-feira, na capital federal. A
expectativa é que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, participe
do encontro - o que é interpretado como um avanço. "Meirelles está mais
favorável agora", diz Pezão. Três especialistas em Previdência
participaram da elaboração das medidas: Leonardo Rolim, Paulo Tafner e
Raul Velloso. De acordo com eles, o governo teme assumir novos
compromissos financeiros com os Estados. "Mas o governo precisa entender
que o pacote seria uma sinalização positiva para o mercado, pois vai
evitar que vários Estados quebrem", diz Tafner. Rolim, que foi
secretário de Previdência e conhece o problema de perto, lembra que o
déficit financeiro anual das previdências estaduais passa de R$ 75
bilhões. Mais preocupante é o déficit atuarial - que indica a dívida de
longo prazo dos Estados com os servidores. O rombo é de R$ 4,7 trilhões,
quando o certo seria ser zero. Pela proposta, os Estados fariam a
reforma para deter o déficit de longo prazo e a União, por meio da
compra de ativos, ajudaria a cobrir parte do buraco no curto prazo,
enquanto todas as medidas da reforma não fazem efeito.
por Alexa Salomão, colaborou Monica Ciarelli | Estadão Conteúdo
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