Oposição diz que base aliada de Temer articulou anistia ao caixa 2
Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil |
A oposição reagiu hoje às declarações do presidente Michel Temer de que
não haverá apoio por parte do governo a qualquer iniciativa para aprovar
eventual anistia a caixa 2 de campanhas eleitorais na votação do pacote
anticorrupção. "As duas recentes tentativas de aprovação de anistia ao
caixa 2 são de responsabilidade exclusiva da base de apoio a Temer",
acusou o líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA). Em nota, o petista
afirma que, às vésperas de sair o acordo de delação premiada da
empreiteira Odebrecht, a base governista intensificou o movimento para
aprovar a medida e que, diante do desgaste, tentou compartilhar a
aprovação da proposta com o PT. "Sob cerco cruzado em decorrência do
avanço das investigações sobre corrupção, em particular no Supremo
Tribunal Federal, Michel Temer anuncia que pode vetar proposta de
anistia ao caixa 2. O que ele não diz é que nas duas tentativas de
aprovar a matéria o PT se negou a assinar a emenda proposta por
parlamentares da sua base. E, por isso, parte da sua base não sustentou a
defesa da anistia e sua maioria não conseguiu, sequer, levar a proposta
à votação. O fato é que a articulação para aprovação da anistia ao
caixa 2 foi de parlamentares da base de Temer", destaca a
mensagem. Florence declarou que a bancada não vai apresentar nenhuma
proposta que signifique anistia ao caixa 2 e que não assinará nenhuma
emenda do gênero. Ele disse que é inverídico a informação de que
parlamentares do PT que não assinaram nota contrária à votação da
anistia a caixa 2 sejam favoráveis à proposta. A líder da minoria na
Câmara, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), chamou de "espetáculo lamentável" a
entrevista coletiva de Temer, onde deu sua versão sobre o episódio
envolvendo os ex-ministros Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e
Marcelo Calero (Cultura). A deputada avisou que a partir de amanhã, 28, a
oposição vai tomar "medidas concretas para enfrentar esse governo que
se autoaniquila a cada dia". Os oposicionistas afirmam que o presidente
da República cometeu crime de responsabilidade por ter atendido a
"interesses privados" do ex-ministro. Geddel pediu demissão do cargo
após Calero dizer à Polícia Federal que o presidente interveio em favor
dos interesses privados do peemedebista. Segundo Calero, Temer pediu
para que ele resolvesse o impasse na liberação do empreendimento
imobiliário em Salvador (BA), onde Geddel comprou um apartamento.
por Daiene Cardoso | Estadão Conteúdo
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