Defesa de Lula processa Moro por abuso de autoridade
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil |
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu processar o juiz
federal Sérgio Moro, responsável pelas investigações da Operação Lava
Jato na 1ª instância. Nesta sexta-feira (18), os advogados do petista,
da mulher dele, Marisa Letícia, e dos filhos, ingressaram no Tribunal
Regional Federal da 4.ª Região (TRF4), em Porto Alegre, com
"queixa-crime subsidiária contra o agente público federal Sérgio
Fernando Moro, em virtude da prática de abuso de autoridade". Lula é réu
de Moro em ação penal sobre o apartamento triplex no Guarujá. A
Procuradoria da República afirma que o petista recebeu R$ 3,7 milhões em
propinas da OAS. Segundo a queixa-crime, em 16 de junho, Lula e seus
familiares protocolaram na Procuradoria Geral da Republica uma
representação, de acordo com o artigo 2º. da Lei 4.898/65, "pedindo
providências em relação a fatos penalmente relevantes praticados pelo
citado agente público no exercício do cargo de juiz da 13ª. Vara Federal
Criminal de Curitiba". A defesa de Lula atribuiu a Moro fatos que,
segundo ela, configura o abuso - a condução coercitiva do ex-presidente,
para prestar depoimento na Polícia Federal, em março, "privando-o de
seu direito de liberdade por aproximadamente seis horas"; a busca e
apreensão de bens e documentos de Lula e de seus familiares, nas suas
respectivas residências e domicílios e, ainda, nos escritórios do
ex-presidente e de dois dos seus filhos, "diligências ampla e
estrepitosamente divulgadas pela mídia"; e, ainda, a interceptação das
comunicações "levadas a efeito através dos terminais telefônicos
utilizados pelo ex-presidente, seus familiares, colaboradores e até
mesmo de alguns de seus advogados, com posterior e ampla divulgação do
conteúdo dos diálogos para a imprensa". "A ilegalidade e a gravidade
dessa divulgação das conversas interceptadas foi reconhecida pelo
Supremo Tribunal Federal, por meio de decisão proferida nos autos da
Reclamação 23.457", assinalam os advogados de Lula. "Até a presente
data, nenhuma providência foi tomada pelo Ministério Público Federal
após a citada representação. Essa situação está documentada em ata
notarial lavrada pelo notário Marco Antonio Barreto De Azeredo Bastos
Junior, do 1º Ofício de Notas e Protesto de Brasília, Distrito Federal,
que acompanhou advogados de Lula e seus familiares em diligências
específicas para a obtenção de informações sobre a mencionada
representação", diz o texto.
(por Julia Affonso, Mateus Coutinho, Ricardo Brandt | Estadão Conteúdo)
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