Casos de sífilis voltam a aumentar no Brasil
Dados do último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde revelam
que os casos de sífilis adquirida (em adultos) aumentaram 32,7% no
Brasil no período de 2014 a 2015. Entre gestantes, o crescimento foi de
20,9%, enquanto as infecções por sífilis congênita (transmitida pela mãe
ao bebê) subiram 19% no mesmo período.
“O que caracteriza uma
epidemia é quando se tem um aumento no número de casos num determinado
período de tempo. A sífilis não vinha num patamar de eliminação, mas
seguia estável e, de repente, surgiu um maior número de casos”, disse a
diretora do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das DST,
Aids e Hepatites Virais, Adele Benzaken.
Ela lembrou que a
sífilis é uma doença de notificação compulsória – qualquer caso deve ser
obrigatoriamente notificado. O que tem se observado nos últimos cinco
anos, segundo Adele, é um crescimento do número de casos dessas três
notificações, inclusive da congênita.
Sintomas
De
acordo com a especialista, a sífilis no adulto tem sinais específicos,
mas também há um período de latência considerável. O quadro sintomático
inicia com uma ferida que, nos homens, é bem aparente, não dói e pode
desaparecer num período de sete a dez dias. Nas mulheres, a ferida pode
surgir na genitália interna e passar desapercebida.
“A
manifestação, nesses casos, fica em latência e o quadro se torna de
sífilis terciária. Quando há evolução de mais de dez anos, a doença
destrói tecidos como coração, cérebro e ossos”, explicou em entrevista à
Agência Brasil.
Já na sífilis congênita, o
período de evolução é bem mais curto. Durante a gestação, a doença pode
causar aborto, malformações ósseas e manifestações na pele, além da
morte do recém-nascido.
“Se a gestante é tratada adequadamente no
primeiro e até no segundo trimestre, o bebê também é tratado, mesmo
intra útero. É uma doença bacteriana que tem cura. A grande questão é a
busca do diagnóstico e do tratamento”, destacou Adele.
Epidemia de múltiplas causas
Para
a diretora, a epidemia de sífilis no Brasil é decorrente de “múltiplas
causas”, como a queda no uso do preservativo – sobretudo entre pessoas
de 20 a 24 anos, faixa etária onde comumente se registra maior atividade
sexual e sem parceria fixa.
“Estamos recomendando o uso do
preservativo masculino e feminino, em alguns estados, durante a
gestação, não apenas por conta de infecções sexualmente transmissíveis,
mas também para evitar o vírus Zika. Recomendamos o uso não só para
gestantes como para toda a população adulta.”
Outra questão
envolve o acesso à penicilina, principal medicamento utilizado no
tratamento da sífilis. Os problemas, no Brasil, começaram no ano
passado, com o desabastecimento de matéria-prima, mas o ministério
garante que o estoque foi reposto por meio da importação da droga.
“Esta
semana, fizemos um novo levantamento e todos os estados estão
abastecidos até abril do ano que vem, com reserva”, disse Adele.
A
resistência de profissionais da enfermagem em aplicar a penicilina na
atenção básica também pesa nos números da epidemia de sífilis no país –
principalmente nos casos de sífilis em gestantes e, consequentemente, de
sífilis congênita. Isso porque há um risco, ainda que pequeno, de
choque anafilático no paciente.
“É preciso que todos se engajem
no sentido de detectar um caso, principalmente na gravidez, e iniciar
imediatamente o tratamento. Com uma única dose, conseguimos reduzir a
taxa de transmissibilidade da mãe para o bebê em quase 90%”, disse. “Não
há porque temer aplicar a penicilina na gravidez. A alergia à
penicilina é um episódio raro”.
(Fonte Agência Brasil)
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