Cármen sobre abuso de autoridade: 'Nunca conseguirão calar a Justiça'
Foto: Rosinei Coutinho/ STFF |
A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia,
lamentou nesta quarta-feira (30) a aprovação pelo plenário da Câmara dos
Deputados de texto que prevê punição para abuso de autoridade praticado
por magistrados e procuradores. Em nota, Cármen afirmou que o texto
pode “contrariar” a independência do Poder Judiciário, mas ressaltou que
“nunca se conseguiu, nem se conseguirá, calar a Justiça”.
Mesmo ressaltando que respeita o princípio da separação dos poderes,
Cármen disse que não “pode deixar de lamentar que, em oportunidade de
avanço legislativo para a defesa da ética pública, inclua-se, em
proposta legislativa de iniciativa popular, texto que pode contrariar a
independência do Poder Judiciário”.
O plenário da Câmara dos Deputados aprovou na madrugada desta
quarta-feira a proposta apresentada pelo líder do PDT, Weverton Rocha
(MA), que propõe punir o abuso de autoridade praticado por magistrados e
procuradores. O argumento dos parlamentares para a aprovação da medida
era que não se poderia admitir no País mais "privilégios a ninguém".
Em votação nominal, a emenda ao pacote anticorrupção foi aprovada por 313 votos a favor, 132 contrários e cinco abstenções.
“Já se cassaram magistrados em tempos mais tristes. Pode-se tentar
calar o juiz, mas nunca se conseguiu, nem se conseguirá, calar a
Justiça”, afirmou Cármen.
A presidente do STF destacou que, hoje, os juízes respondem pelos
seus atos, na forma do estatuto constitucional da magistratura.
“A democracia depende de poderes fortes e independentes. O Judiciário
é, por imposição constitucional, guarda da Constituição e garantidor da
democracia. O Judiciário vem cumprindo o seu papel”, disse Cármen.
Ditadura. Nesta terça-feira (29), antes da votação, a ministra
criticou as tentativas de “criminalizar o agir do juiz brasileiro” e
alertou que toda ditadura “começa rasgando a Constituição”.
"Juiz sem independência não é juiz. É carimbador de despachos,
segundo interesses particulares e não garante direitos fundamentais
segundo a legislação vigente", disse Cármen, durante a sessão
extraordinária do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão que também
preside.
(Fonte: Diário do Poder)
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