'Odebrecht pagava propina a qualquer governo', afirma delegado da PF
(Foto: Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo) |
O delegado federal Filipe Hille Pace, da força-tarefa da Lava Jato em
Curitiba, acusou a Odebrecht de pagar propinas para obter contratos e
‘garantir seus interesses’ em ‘qualquer governo de qualquer esfera da
administração pública’.
Os ataques à empreiteira ocorrem em meio à negociação do maior acordo
de delação premiada entre a Procuradoria-Geral da República e dezenas
de executivos da Odebrecht, incluindo o próprio Marcelo Bahia Odebrecht,
presidente afastado do Grupo e na prisão da Lava Jato desde 19 de junho
de 2015.
“A Odebrecht pagava propina para consecução de contratos e para
garantir seus interesses junto a qualquer governo de qualquer esfera da
administração pública, demonstrando-se, assim, novamente, que a
corrupção era e é multipartidária e sistêmica”, assinala o delegado no
despacho de 289 páginas que indiciou o ex-ministro Antonio Palocci
(Fazenda e Casa Civil/Governos Lula e Dilma) e Marcelo Odebrecht, além
de outros quatro investigados, por corrupção.
Não é a primeira vez que a Lava Jato em Curitiba aponta a suspeita de
vários crimes envolvendo a maior empreiteira do País. No dia em que foi
deflagrada a Operação Omertá, em 26 de setembro, a PF abriu um novo
inquérito para apurar as suspeitas de irregularidades envolvendo a
Odebrecht em 38 obras pelo País. A investigação corre sob segredo de
Justiça.
Naquela ocasião, o próprio delegado Filipe Pace disse à imprensa que a
operação já tinha um rico conjunto de provas e que o depoimento de
Marcelo Odebrecht, preso desde 19 de junho de 2015, não era
“imprescindível”.
“Não é imprescindível a palavra do sr. Marcelo Odebrecht em vista da robustez das provas”, afirmou o delegado.
Independente das negociações da Procuradoria-Geral da República com o
grupo empresarial, que deve implicar centenas de políticos de vários
partidos, a força-tarefa em Curitiba segue avançando nas investigações
sobre o ‘departamento de propinas’ da Odebrecht, descoberto pela Lava
Jato envolvendo estruturada rede que controlava os pagamentos de valores
ilícitos no Brasil e no exterior sob a coordenação da cúpula da
empreiteira.
(Fonte: Diário do Poder)
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