OAS será vigiada por 25 anos para evitar corrupção
Pelos próximos 25 anos, diariamente, tudo o que acontecer dentro da
construtora OAS estará sob vigilância. Balanços, fluxo de caixa,
contratos, aditivos e licitações serão monitorados por uma empresa
especializada que tem a missão de acionar o alarme sob qualquer suspeita
ou indícios de atos de corrupção. Essa foi a forma encontrada pelos
credores para garantir que a empresa não vá, pelo menos até pagar os R$
2,8 bilhões que ainda deve, se envolver novamente nos tipos de esquemas
que protagonizou na Lava Jato, que vieram à tona há cerca de dois anos e
reduziram a companhia a um terço do que era. A OAS deve faturar em
torno de R$ 2 bilhões a R$ 2,5 bilhões neste ano. Em 2014, faturou quase
R$ 9 bilhões. Está hoje com 54 mil funcionários - eram 100 mil em março
do ano passado. "Não podemos errar, porque dependemos dos nossos
credores todos os dias. Temos de seguir sem vícios do passado. Algo deu
errado e não pode dar errado de novo", diz o diretor financeiro da OAS,
Josedir Barreto. "Teremos agora um agente de monitoramento por toda a
vida." Para que não fosse à falência, os credores perdoaram mais da
metade da dívida de R$ 10 bilhões da empresa. Aceitaram tomar a Invepar,
a principal empresa do grupo, que tem como sócios fundos de pensão e é
dona de concessões como o aeroporto de Guarulhos, como pagamento de
outra parte. Os credores aceitaram ainda receber juros irrisórios nos
próximos cinco anos, cerca de R$ 15 milhões por ano, e o principal, já
com o desconto, somente será pago em 10, 19 ou 25 anos, dependendo do
tipo de credor. Todas as condições foram acertadas no plano de
recuperação judicial da companhia, que finalmente nesta segunda-feira,
17, pode ser oficializado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. O plano
foi aprovado por maioria dos 3 mil credores no fim do ano passado, mas
um grupo de 19 credores ficou insatisfeito porque não teve direito a
ratear a Invepar, e recorreu ao tribunal. Em setembro, dois
desembargadores confirmaram o plano, mas o desembargador Fábio Tabosa
pediu para fazer melhor análise e somente nesta segunda-feira deve
apresentar seu voto. A partir dessa decisão final é que o plano estará
oficialmente em andamento, e finalmente a Invepar será repassada aos
credores. Por enquanto, a estimativa é que a companhia já valha menos do
que o R$ 1,3 bilhão de quando foi leiloada para os credores. Parte
dessa desvalorização se deve ao fato de a empresa ter sido envolvida,
mais recentemente, na Operação Greenfield, que investiga os negócios dos
fundos de pensão, que detêm 75% da Invepar. Barreto diz que, com a
aprovação final do plano, será possível também vender outros ativos do
grupo, como a empresa de óleo e gás, as arenas de futebol e companhias
de saneamento. Pelo plano, a empresa poderá ficar com R$ 150 milhões do
que for vendido e então ratear o resto para os credores. A empresa terá
ainda um novo limite de endividamento de R$ 400 milhões. Para os
acionistas, segundo Barreto, não poderá haver distribuição de dividendos
até o pagamento final da dívida. No entanto, o plano prevê que, em caso
de o caixa exceder 12% dos créditos, poderá ser distribuído igualmente
entre a empresa, os credores e os acionistas. O quadro societário da OAS
continua o mesmo de antes da Lava Jato. Mesmo José Aldemario Pinheiro
Filho, o Léo Pinheiro, que foi um dos primeiros empreiteiros presos na
Lava Jato, ainda é dono de 10% do grupo.
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