Câmara instala esta semana comissão especial para discutir reforma política
Com calendário apertado diante de um tema que já provocou numerosos
debates no Congresso, a Câmara terá, a partir desta semana, mais uma
comissão especial. Desta vez, para tratar da reforma política. Novas
mudanças nas regras eleitorais são um consenso entre os partidos,
principalmente após as eleições municipais deste ano, as primeiras sem
doações de empresas às campanhas.
A impossibilidade do retorno do
financiamento empresarial parece ser bandeira unânime. No entanto,
existem divergências em relação ao sistema de votação e à necessidade de
endurecimento das regras eleitorais.
Relator do último colegiado
a discutir reformas eleitorais na Câmara, o presidente da Casa, Rodrigo
Maia (DEM-RJ), defende mudanças no sistema eleitoral após a derrubada
do financiamento empresarial de campanhas. Para ele, o melhor modelo
para acompanhar a mudança na regra das doações é a votação em lista
fechada, na qual os eleitores votam nos partidos e cada legenda define
internamente quem ocupará as vagas no parlamento.
“No
financiamento público só cabe lista fechada”, diz Maia. Segundo ele, o
modelo traz economia. “Você faz eleição por estado. Em vez de 70
campanhas para deputado federal no estado do Rio de Janeiro, [o partido]
vai fazer uma. Em vez de 100 campanhas para deputados estaduais, você
vai fazer uma”, afirma.
Líder do partido de Maia, o deputado
Pauderney Avelino (AM) adota um tom mais moderado. “Precisamos primeiro
fazer um rescaldo da campanha municipal e avaliar o que nos deixou de
ensinamento”, diz. Avelino concorda que o financiamento privado de
empresas não pode voltar à mesa de negociações e defende o endurecimento
maior das regras eleitorais.
“Precisamos ver coligações,
representação de partidos e sistema de eleições. Se vamos, por exemplo,
fazer em lista fechada, voto majoritário, distrital ou mista. Teremos
513 opiniões diferentes mas vamos trabalhar no sentido de que precisamos
do consenso”, disse Avelino.
Caminho sem volta
Adversário
político do DEM e um dos maiores defensores do financiamento público, o
PT, segundo o líder do partido, Afonso Florence (BA), considera as
regras que valeram para as eleições municipais um caminho sem volta.
“Acabamos com o financiamento empresarial e temos de acabar com o
financiamento individual de milionários. Também somos a favor do voto em
lista”, antecipa.
Como a reforma política é uma bandeira de
todas as legendas, um acordo entre Câmara e Senado foi selado para que
cada uma das Casas trate de pontos específicos e que tudo seja
previamente debatido. O objetivo é evitar que senadores derrubem o que
deputados aprovarem e vice-versa.
Pelo acerto, o Senado tratará
de coligações partidárias e de cláusula de desempenho, que estabelece um
percentual mínimo de votação para a legenda conquistar cadeiras no
Congresso. A comissão da Câmara ficará com o encargo de decidir, sob a
relatoria do deputado Vicente Cândido (PT-SP), mas ainda sem presidente
definido, qual será o sistema eleitoral que deve vigorar.
Além do PT, a bancada do PSDB também tem posicionamento fechado sobre o tema. Líder dos tucanos na Câmara, o deputado federal Antonio Imbassahy (BA) defendeu o voto distrital misto como forma de reduzir os custos de campanha e estimular a aproximação com o eleitor. “O atual modelo [de votação aberta e proporcional] está esgotado”, diz.
Além do PT, a bancada do PSDB também tem posicionamento fechado sobre o tema. Líder dos tucanos na Câmara, o deputado federal Antonio Imbassahy (BA) defendeu o voto distrital misto como forma de reduzir os custos de campanha e estimular a aproximação com o eleitor. “O atual modelo [de votação aberta e proporcional] está esgotado”, diz.
Atualmente,
as eleições seguem regras proporcionais para escolha das vagas do
Legislativo, ou seja, vota-se em um candidato ou em um partido, e os
eleitos são definidos conforme o número de cadeiras de cada legenda. O
PSDB não deve assumir a presidência da comissão. Imbassahy, no entanto,
defenderá um nome que garanta agilidade ao debate para que as mudanças
passem a valer nas eleições de 2018.
Consenso
Um
nome indicado para comandar da comissão é o do peemedebista Lúcio
Vieira Lima (BA). Além dele, o partido quer, como integrantes do
colegiado, Sérgio Souza (PR), Daniel Vilela (GO), Mauro Mariani (SC) e
Hugo Motta (PB). O líder do PMDB, Baleia Rossi (SP), não quer antecipar
qual sistema a bancada defenderá. Rossi disse que se reunirá com os
parlamentares indicados para tentar consenso em torno de uma posição e
evitar que os parlamentares defendam projetos pessoais.
“Quero debater com especialistas porque depende muito do tipo de financiamento. Se continuar publico, por meio do fundo partidário, é preciso fazer debate por voto em lista, talvez aberta, onde metade dos votos vai para o partido e outra para candidatos, é uma forma de ampliar o debate”, disse Rossi.
“Quero debater com especialistas porque depende muito do tipo de financiamento. Se continuar publico, por meio do fundo partidário, é preciso fazer debate por voto em lista, talvez aberta, onde metade dos votos vai para o partido e outra para candidatos, é uma forma de ampliar o debate”, disse Rossi.
Para o líder do PMDB, a minirreforma que limitou as
doações de campanha foi um avanço e é preciso avaliar o que deu certo e o
que não funcionou. Ainda assim, ele defende que sejam tratados pontos
possíveis de serem aprovados rapidamente para que mudanças passem a
valer em 2018. “A população mandou um recado muito claro nestas
eleições, com o aumento de abstenções, de que não está satisfeita com a
forma como a política está sendo feita”, adverte.
(Fonte: Agência Brasil)
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