Temer deu aval para adiar análise de reajuste no STF
Foto: Agência Brasil |
O presidente Michel Temer deu aval à operação de senadores aliados para
impedir a análise na última quinta-feira (8) do requerimento que
aceleraria a votação do projeto que reajusta o subsídio dos ministros do
Supremo Tribunal Federal (STF). Em conversas reservadas, conforme
apurou a reportagem, Temer indicou a parlamentares do PMDB e do PSDB que
o momento não seria oportuno para aprovar o pedido que abriria caminho
para a votação em plenário da proposta. Após o feriado de 7 de Setembro e
em meio ao período eleitoral, o governo mobilizou senadores da base a
comparecer à Casa a fim de votar as duas primeiras medidas provisórias
assinadas por Temer quando assumiu interinamente o comando do País. As
MPs iriam caducar anteontem se não fossem apreciadas. Ao mesmo tempo, o
presidente sugeriu a interlocutores no Senado que era melhor adiar a
votação do requerimento. A ação do Palácio do Planalto surtiu efeito. As
MPs que instituíram a reforma administrativa e o Programa de Parcerias
de Investimentos (PPI) foram aprovadas. E o requerimento para acelerar a
votação do aumento do STF, subscrito por vários líderes partidários,
entre eles o líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), não foi colocado em
votação após uma ação de aliados de Temer que garantiu apoio suficiente
para barrá-lo caso fosse apreciado. A articulação é considerada uma
derrota para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que há
semanas tentou articular a votação da proposta. Em conversas reservadas,
o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, chegou a externar a Renan
Calheiros que desejava ver aprovado o reajuste dos ministros da Corte
antes de deixar o comando do Supremo, no dia 12 de setembro. Lewandowski
presidiu o julgamento do processo de impeachment da ex-presidente Dilma
Rousseff. Renan passou a trabalhar pela votação da matéria e chegou a
chamar de "pequenez" as críticas dos tucanos em relação ao impacto
fiscal da matéria - que, na prática, eleva o teto do funcionalismo
público e pode causar um "efeito cascata" para União, Estados e
municípios. "Confesso - e me penitencio - que eu tinha um compromisso
com relação à convocação e à colocação dessa matéria na pauta e, até
mesmo com relação ao mérito, eu acho que nós deveremos votá-la. É
evidente que não há como trazê-la para o plenário do Senado Federal, se
não há consenso", disse Renan na noite de anteontem.
por Ricardo Brito | Estadão Conteúdo
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