TCU identifica desvio de R$ 1 bi e quer bloquear bens de consórcio por obra em refinaria
O Tribunal de Contas da União (TCU) identificou superfaturamento de R$
960,9 milhões na instalação de tubulações na Refinaria de Abreu e Lima,
em Pernambuco. Relatório de auditores da corte que será julgado na
quarta-feira (14) propõe o bloqueio de bens do consórcio responsável
pelas obras, formado pelas empreiteiras Queiroz Galvão e Iesa, além de
Paulo Roberto Costa e Renato Duque, ex-diretores da Petrobras alvos da
Operação Lava Jato. O tribunal tem adotado a indisponibilidade
patrimonial de empresas envolvidas no petrolão como forma de assegurar
ressarcimento de prejuízos à estatal no futuro. No mês passado, medida
semelhante imobilizou R$ 2,1 bilhões da Odebrecht e da OAS. No entanto,
nesse caso, liminares do Supremo Tribunal Federal (STF) reverteram a
decisão. O ministro Marco Aurélio Mello entendeu que a corte de contas,
um órgão administrativo, não pode bloquear bens de particulares. Na mais
recente auditoria, o TCU fez uma revisão dos custos das obras para a
instalação de tubovias (60 mil toneladas de tubos), a cargo do consórcio
Ipojuca, formado pelas duas empreiteiras. O valor inicial do contrato,
de R$ 2,6 bilhões, saltou para R$ 3,5 bilhões após 29 aditivos
contratuais. Em 2010, a corte de contas havia identificado um sobrepreço
de R$ 316 milhões nas obras, ao analisar estimativas de custos da
Petrobras. Após a Lava Jato, os auditores tiveram acesso a mais dados
dos contratos, incluindo notas fiscais, o que permitiu comparar quanto
as construtoras cobravam da estatal com quanto realmente pagavam por
materiais e serviços no mercado. A conclusão foi que, em valores de
2009, as perdas foram de R$ 682 milhões - R$ 960,9 milhões, com correção
e juros. Numa outra reavaliação, que também será julgada na
quarta-feira, o TCU detectou superfaturamento de R$ 544 milhões em
quatro contratos do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
Os auditores propõem, nesse caso, a abertura de quatro novas
investigações para aprofundar o cálculo dos prejuízos e identificar
responsáveis. No relatório sobre Abreu e Lima os auditores concluíram
que o consórcio formado por Queiroz Galvão e Iesa agiu em conluio e
pagou propina a agentes públicos para que a licitação para as obras
ficasse restrita a poucas empresas e fosse direcionada, de forma a
inflar os valores do contrato. Por meio de nota, a Queiroz Galvão alegou
que não se pronuncia sobre "processos em andamento". A defesa de Paulo
Roberto Costa não retornou o contato feito pela reportagem - que não
conseguiu localizar representantes da Iesa e de Renato Duque.
por Fábio Fabrini | Estadão Conteúdo
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