Dieese alerta para riscos de precarização com reforma trabalhista
Foto : Reprodução/Agência Brasil |
O diretor do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, diz que as mudanças
propostas em uma reforma trabalhista até têm um objetivo interessante ao
buscar proteção para milhões de trabalhadores que hoje vivem sob um
regime precário ou estão na informalidade. Ele citou como exemplo
aqueles com contratos de curtíssima duração, por exemplo. Entretanto,
ele também chama atenção para a dificuldade de regulamentação em
eventuais novos regimes de contratação. "A intenção do governo pode até
ser boa, mas esbarra em dificuldades operacionais muito grandes. Não é
simples uma regulamentação que dê proteção a esses trabalhadores
contratados sob novos regimes sem que ocorram desdobramentos de
precarização para os outros", diz Lúcio. Ele lembra que o governo tem
uma enorme dificuldade para fiscalizar nas empresas determinadas
legislações trabalhistas, o que significa que seria muito mais difícil
acompanhar a situação de milhões de trabalhadores para garantir que seus
direitos sejam cumpridos. O analista político da MCM Consultores,
Ricardo Ribeiro, diz que o problema não é o mérito da reforma
trabalhista, mas sim a agenda legislativa, que já está bem cheia. Para
ele, na lista de prioridades do governo a mudança nas leis do trabalho
está atrás da PEC dos gastos e da reforma da Previdência: "A discussão
trabalhista ainda é muito incipiente para ser tomada como uma proposta
séria. Já a reforma da Previdência está mais adiantada, tem uma
discussão mais madura na sociedade". Ele diz que a promessa do governo
de negociar com as centrais sindicais é mais uma "conversa protocolar",
já que a possibilidade de acordo é nula. "É irreal achar que haverá
diálogo com as centrais." Ele lembra que a CUT chegou a debater a
possibilidade de que o acordado entre patrões e empregados prevaleça
sobre a legislação, "mas com esse novo ambiente político que existe no
País, a CUT não vai negociar com o governo Temer de jeito nenhum".
por Álvaro Campos | Estadão Conteúdo
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