'Agir contra a cassação é se incinerar em praça pública’, diz Fontana
Foto: AG. Câmara |
Mesmo após o afastamento definitivo de Dilma Rousseff, o deputado
Henrique Fontana (PT-RS) considera que a cassação do deputado afastado
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pode enfraquecer a origem do processo de
impeachment.
Fontana rechaçou comparações entre os processos dos dois e defendeu a
perda dos direitos políticos de Cunha. Para o petista, deputados que
tentarem adiar a votação ou aprovar uma pena mais branda vão “se
incinerar em praça pública”.
Alguns deputados articulam a votação de uma pena mais branda para Cunha no lugar da cassação. O que o senhor acha disso?
É uma tentativa, mas ela não vai prosperar. Não cassar o mandato de
Eduardo Cunha seria um ato de desrespeito grave contra toda a lógica que
deve funcionar dentro de um Parlamento, seria uma agressão ao próprio
sentimento das pessoas. Acharia um deboche com o País alguém levantar
essa ideia de uma pena menor do que a cassação para um cara que cometeu o
conjunto de crimes que ele cometeu. Agora, se o Parlamento quer se
incinerar em praça pública, que assumam aqueles que querem isso.
Caso isso se concretize, acha que há a possibilidade de aprovação no plenário?
Acho que não tem essa possibilidade, porque, se alguém está
articulando isso, não vai conseguir viabilizar a ideia dentro do
plenário. Nós vamos fazer de tudo para votar entre segunda (amanhã) e
terça-feira.
A cassação de Eduardo Cunha pode ocorrer alguns dias após o
impeachment de Dilma Rousseff. Considera que os dois episódios estão
interligados?
Sim, porque vai ser mais uma demonstração da ilegitimidade da
cassação da presidente Dilma, da injustiça que foi a cassação. Vai
tornar ainda mais claro o fato de que o grande líder do processo de
impeachment é um dos maiores símbolos de corrupção.
Aliados de Cunha comparam a votação da cassação com a do impeachment para justificar a manutenção de direitos políticos.
A melhor forma de mostrar a artificialidade dessa tentativa é que a
presidente Dilma não responde a um único processo, e o Eduardo Cunha,
por decisão do Supremo, é réu em dois. Outro ponto é que não há na
sociedade ninguém defendendo Cunha. Já Dilma possui milhões de pessoas.
(AE)
(Fonte: Diário do Poder)
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