Gilmar Mendes investiga uso de verbas públicas da Petrobras pelo PT
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, abriu
processo para apurar uso de verbas públicas da Petrobras pelo PT. Em
caso de confirmação da ilegalidade, o partido pode ter o registro de
funcionamento cassado. O pedido original da Corregedoria-Geral Eleitoral
foi feito em setembro do ano passado, mas, segundo a Corte, teria
"extraviado". O processo deriva da prestação das contas da campanha da
presidente Dilma Rousseff e do Comitê Financeiro do PT em 2014,
aprovadas com ressalvas, devido às suspeitas de irregularidades
detectadas à época. Foi instaurado com base em informações da Operação
Lava Jato, que levantou provas de que o esquema de desvio de recursos na
estatal abasteceu o caixa da legenda. Em troca de contratos públicos,
empreiteiras teriam feito repasses ao PT e às campanhas do partido,
inclusive as presidenciais, na forma de doações oficiais e clandestinas.
O suposto uso do sistema oficial para recebimento de propina é um
indício de lavagem de dinheiro obtido por meio de corrupção. O pedido de
abertura de processo havia sido feito em setembro do ano passado pelo
ex-corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro João Otávio de
Noronha, ao gabinete do então presidente do TSE, Dias Toffoli. Ele
embasou o pedido em informações remetidas por Mendes, relator das contas
de campanha de Dilma e do PT. "As doações contabilizadas parecem formar
um ciclo que retirava os recursos da estatal, abastecia contas do
partido, mesmo fora do período eleitoral, e circulava para as campanhas
eleitorais. No período eleitoral, o esquema abasteceria também as
campanhas diretamente", escreveu Mendes à época. "Aparentemente, o ciclo
se completaria não somente com o efetivo financiamento das campanhas
com dinheiro sujo, mas também com a conversão do capital em ativos
aparentemente desvinculados de sua origem criminosa, podendo ser
empregados, como se lícitos fossem, em finalidades outras, até o momento
não reveladas", acrescentou. A instauração do processo, no entanto, não
foi levada adiante pelo gabinete de Toffoli. O TSE sustenta que o
pedido do ex-corregedor "extraviou". Recentemente, a gestão de Mendes
constatou que não havia sido tomada providência a respeito e pediu que o
procedimento fosse reconstituído. Nesta sexta-feira (5), 11 meses após o
pedido original, o atual presidente autuou e deu número ao processo,
que inicialmente ficará sob relatoria da atual corregedora, ministra
Maria Thereza de Assis Moura. Ela fica no cargo este mês e depois será
substituída pelo ministro Herman Benjamin, que assumirá o caso. O
processo ainda está em fase inicial, cabendo toda a coleta de provas e
de depoimentos. Não há prazo para que a investigação se encerre e seja
levada a julgamento em plenário.
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